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Incra tirará 386 famílias da serra do divisor

A Tribuna - Rio Branco - AC
04 de Mar de 2001

Das 563 famílias que ainda vivem nas terras do Parque Nacional da Serra do Divisor, na fronteira do Estado do Acre com o Peru, na região do Vale do Juruá, 386 serão retiradas até setembro deste ano e assentadas na área do Projeto de Assentamento Havaí, especialmente criado para eles. As 177 famílias restantes serão removidas somente no decorrer do ano que vem e serão assentadas sobre as terras da Gleba Rio Branco II, no Município de Porto Walter, a 780 quilômetros de Rio Branco, no Acre.
"A maioria dessas pessoas vivia na área do parque a até 40 anos, por isso, estamos fazendo a remoção com todo o cuidado possível, já que vão deixar para trás, além de suas casas, pastos e plantio formados", explicou o superintendente do Incra no Acre, Aldenor Fernandes. Segundo ele, cada uma das famílias receberá uma área de 25 hectares, cinco dos quais devidamente derrubados pelo próprio Incra, que utilizará um plano de exploração do Ibama, como forma de compensar as perdas sofridas pelas famílias.
PROBLEMAS À VISTA Entre as 563 famílias que serão removidas estão cerca de 40, que hoje vivem entre o rio Moa e o igarapé Recreio, dentro do Parque da Serra do Divisor, que se dizem descendentes diretos dos índios Nauas, povo guerreiro cuja extinção era tida como certa desde o final da década de 30. Antropólogos da Funai e do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) defendem a criação de uma Terra Indígena Naua, que tomaria parte das terras do parque, o que é atacado por ecologistas e o próprio Ibama. Para decidir sobre a questão o Juiz da 2o Vara Federal, David Pardo, pediu a realização de uma perícia antropológica para confirmar se aquelas 300 pessoas são realmente descentes do povo Naua.
LUTA PELA TERRA O coordenador Estadual do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), no Acre, Edem Magalhães, que chegou da aldeia Naua na semana passada, informou que: "Eles estão decididos a permanecer naquela área e não medirão esforços para isso, tanto que até já colocaram placas que demarcam simbolicamente seu território. Além do mais, o rio que passa por suas terras é o principal acesso ao Parque Nacional e os Nauas nos garantiram que não permitirão a entrada do pessoal do Ibama nem do Incra que quiserem tirá-los de lá!" A criação de áreas especiais de assentamento para as famílias que serão removidas do Parque Nacional da Serra do Divisor, também foi uma exigência do próprio juiz David Pardo. Por isso, a partir de quarta-feira, técnicos do Incra estarão visitando as propriedades de cada uma daquelas 386 famílias para avaliar seus bens e assim calcular o valor da indenização a receberem na ocasião da remoção.

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