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Incra desapropria terras em MT para assentar posseiros da reserva Xavante

Radiobrás-Brasília-DF
Autor: Irene Lobo
20 de Ago de 2004

Três policiais federais e o superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Mato Grosso estiveram hoje na região da fazenda Karú, onde cerca de 500 índios xavantes começam a reconstruir sua aldeia. O superintendente do Incra, Leonel Wohlsahrt, informou que duas fazendas no estado já estão em processo de desapropriação e serão destinadas aos posseiros e a um grupo de sem-terra que está no local. "Nós temos, aqui na região, duas fazendas que vão dar um total de 70 mil hectares. Nós vamos assentar cerca de 1.400 famílias", disse.

De acordo com o delegado da Polícia Federal em Mato Grosso, José Vilela, os posseiros querem negociar. Eles pedem a garantia de que os índios não invadam a fazenda onde estão. Para chamar a atenção das autoridades, os posseiros montaram três barreiras nas BRs 158 e 080, impedindo o acesso à reserva indígena.

Por outro lado, os índios estão revoltados com notícias divulgadas na imprensa que os acusam de matar gado e galinhas. "Somos contra a mentira dos fazendeiros, políticos e do prefeito. Os posseiros têm de sair imediatamente da terra, senão vamos tomar atitudes", avisa o cacique da tribo, Damião Xavante.

No momento, o único consenso que existe é que os índios não deixarão mais a terra Maraiwãtsede. Segundo o indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai), Cláudio Romero, os posseiros agora são assunto do Incra.

Xavantes foram expulsos da reserva Maraiwãtsede na década de 60

Alto Boa Vista (MT) - Aos poucos, o sonho do povo indígena Xavante de retornar à sua terra torna-se realidade. Oriundos do antigo estado de Goiás, os xavantes habitavam originalmente a bacia do rio Tocantins. Hoje, habitam seis reservas demarcadas no leste mato-grossense, zona norte oriental do Planalto Central. A área possui diversos rios, afluentes do Xingu e Araguaia. A vegetação é composta por floresta tropical, mata e savana, de onde os índios retiram alimentos e materiais para artesanato, armas, instrumentos musicais e ocas. Eles se alimentam de caça, frutos, palmeiras e peixes.

Na organização social dos xavantes, a caça é exercida pelos homens. Mulheres e crianças fazem a pesca e a colheita. Os xavantes são também um povo forçado a migrações constantes. Na década de 60, foram expulsos da reserva Maraiwãtsede (na língua dos índios, mata que assusta). Só agora, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), conseguem retornar à terra de origem.

O administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Goiás, Edson Beiriz, comemora, junto com os índios, o retorno à terra Maraiwãtsede "Eles foram retirados daqui na década de 60 e passaram mais de 40 anos sofrendo. Depois da área demarcada, homologada, registrada e reconhecida pelo governo federal, ainda tiveram que acampar por 10 meses às margens da BR 158. Alí perderam três crianças e 14 estão internadas em estado grave. Por isso, a volta desses índios à terra tradicional deles é uma alegria inexplicável. É garantir que eles possam viver de maneira digna como povos diferenciados que são", afirmou Beiriz.

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