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Incêndios florestais estão ultrapassando fronteiras e se tornando ameaça global, diz órgão da ONU

Valor Econômico - https://valor.globo.com/
06 de Set de 2024

Incêndios florestais estão ultrapassando fronteiras e se tornando ameaça global, diz órgão da ONU
Para a diretora do Fórum das Nações Unidas sobre Florestas, Juliette Biao, os países precisam olhar "mais profundamente para os investimentos em prevenção"

Paula Martini e Victoria Netto

Os incêndios florestais, como os que atingem grande parte do país nos últimos dias, estão ultrapassando as fronteiras nacionais e se tornando uma ameaça global. Essa é a avaliação da diretora do Fórum das Nações Unidas sobre Florestas, Juliette Biao.

Dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que os focos de incêndio este ano ultrapassaram muito as marcas que vinham sendo registradas no Brasil até então. A série histórica usada pelo órgão tem início em 1998.

"Os incêndios florestais estão ultrapassando as fronteiras nacionais e se tornando uma ameaça global. E o fato de ainda estarmos testemunhando esses acontecimentos trágicos exige que os países olhem mais profundamente para os investimentos em prevenção", disse ao Valor.

Em São Paulo, a volta do calor e a estiagem no Sudeste do país fizeram com que o número de focos de incêndio voltasse a subir no interior do Estado. No início da semana, a capital paulista também ficou coberta pela fumaça de queimadas ocorridas na Amazônia.

A especialista da ONU fez ainda um alerta sobre o que chama de um "ciclo de risco" entre as alterações climáticas e os incêndios florestais. Isso significa, diz ela, que as queimadas estão intensificando os efeitos das mudanças climáticas, uma vez que deixam o ambiente mais seco, ao mesmo tempo em que o aquecimento global está intensificando as secas - o que torna as florestas mais vulnerável ao fogo.

"As alterações climáticas estão realmente se intensificando por todo lado. E a seca está atingindo vários países, inclusive aqueles onde nunca ouvimos falar de incêndios florestais", afirmou a diretora, que citou episódios recentes no Marrocos e no Congo.

No território brasileiro, o Pantanal vive a maior seca dos últimos 74 anos e a Amazônia tem o cenário mais grave das últimas quatro décadas. Além disso, nove Estados estão com 100% do território com estiagem severa, segundo estimativa do ministério do Meio Ambiente.

De Benin, onde atuou no ministério de meio ambiente local, Biao está no Rio para uma conferência sobre o clima da ONU. O evento, que acontece nesta quinta-feira e sexta-feira no Museu do Amanhã, na zona portuária do Rio, é uma espécie de preparação para a COP 29, que será realizada em novembro no Azerbaijão.

Em conversa com o Valor, a representante das Nações Unidas também comentou a suspeita de autoridades brasileiras sobre as queimadas, segundo a qual os focos de incêndio que afetam grande parte têm origem criminosa.

"Não posso sequer afirmar que realmente se trata de um problema criminal no Brasil. Mas também não podemos responsabilizar as alterações climáticas por tudo", ponderou. "É possível que seja uma espécie de crime organizado e, por isso, quando falo em prevenção, é preciso olhar para esses aspectos de segurança", destacou.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/09/05/incndios-florestais-e…

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