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Incêndio nas terras baixas de Roraima

A Crítica-Manaus-AM
20 de Mar de 2003

As imagens dos satélites Noaa, utilizados no monitoramento orbital de focos de fogo, mostram a progressão dos incêndios em Roraima. Os mapas do mês de fevereiro e das duas primeiras semanas de março, processados pela Embrapa Monitoramento por Satélite (CNPM), com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), confirmam que as principais concentrações de focos estiveram localizadas sobre as regiões de lavrados e floresta aberta, nas terras mais baixas do Centro-Sul do Estado.

O total de fevereiro, em Roraima, foi de 1.277 focos, o equivalente a 50,5% das 2.525 queimadas detectadas no território nacional. Entre 1o e 7 de março foram 723 pontos de fogo e, entre 8 e 14 de março, 683. Ou seja, Roraima já soma 1.406 focos, o equivalente a 71% do total brasileiro (1979 focos) registrado neste mês. O pico dos incêndios parece ter ocorrido mesmo na primeira semana de março, já que, nesta segunda semana, houve uma ligeira queda dos índices.

Mas a consolidação de tal tendência ainda depende do início efetivo da estação chuvosa, esperada para a próxima quinzena. Sem chuvas fortes, os bombeiros não conseguem debelar os incêndios.

Durante estes 45 dias, desde o início de fevereiro, os satélites registraram um deslocamento dos focos de fogo na direção Norte. As áreas mais atingidas, em fevereiro, foram as vizinhanças do Catrimani e de São José do Anauá, além do trecho entre os rios Jauaperi e Anauá, ao Sul do entroncamento das rodovias BR-174 e BR-210.

Entre os dias 1o e 7 de março queimava mais intensamente a Leste das serras Tabatinga e da Mocidade, enquanto entre os dias 8 e 14 de março, as concentrações mais altas foram detectadas mais perto de Boa Vista, a Leste das serras de Caracaraí, Mucajaí e Apiaú. Boa parte dos focos manteve-se no eixo da estrada Manaus-Caracaraí-Boa Vista (BR-174) e ao longo das margens do médio e baixo Rio Branco, onde há mais ocupação humana.

Vale lembrar que, em Roraima, ao contrário do restante da Amazônia, a maioria das florestas densas localiza-se no alto das serras, enquanto as baixadas são dominadas pela vegetação rasteira dos campos naturais (lavrados), cortados por veredas de buritizais, e no sopé das serras ficam as florestas abertas, com árvores mais esparsas e muitas palmeiras. Nessa região Centro-Sul, onde o fogo tem sido mais intenso, existem grandes depressões inundáveis, que ficam extremamente secas nesta estação, acompanhando o movimento aparente do Sol para o Norte.

De acordo com as informações do serviço especial de detecção de incêndios em unidades de conservação e terras indígenas, do Inpe, em fevereiro ocorreram pelo menos 16 focos dentro da Estação Ecológica Caracaraí; 11 na Estação Ecológica Maracá; dez no Parque Nacional do Viruá; quatro no Parque Nacional Monte Roraima e sete na Floresta Nacional de Roraima, além de 45 pontos de fogo na Raposa Serra do Sol e 21 na São Marcos, duas terras indígenas onde há muitos conflitos com fazendeiros. Na reserva dos ianomâmis, entre o Amazonas e Roraima, foram 34 frentes de fogo.

Em março, as estações ecológicas de Maracá e Caracaraí já somam 28 focos, mas não há registros nas demais unidades de conservação. A situação nas terras indígenas se mantém crítica, com 28 focos na Raposa Serra do Sol; 55 em São Marcos e 56, na reserva ianomâmi.

No restante do Brasil, em fevereiro, os principais focos de fogo localizaram-se na zona costeira da Bahia e litoral de Pernambuco, com algumas concentrações - fora de época - no interior de São Paulo, na região de São José do Rio Preto, e na divisa São Paulo-Mato Grosso do Sul, na altura de Pereira Barreto. Também queimou bastante o extremo Nordeste do Amazonas, onde as feições da vegetação natural são muito semelhantes às de Roraima. Nas duas primeiras semanas de março, os índices diminuíram bastante em todos os outros Estados, exceto Roraima

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