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Incêndio na Amazônia destrói selva onde habitam indígenas isolados

Agência de Informação Frei Tito para a América Latina - Adital (Fortaleza - CE) - www.adital.com.br
07 de Dez de 2015

Na Amazônia brasileira, está se propagando uma série de incêndios florestais, destruindo vastas áreas de selva, nas margens orientais do "pulmão da Terra". Esse auge de incêndios coincide com o início da Conferência Internacional sobre o Clima (COP21), que ocorre em Paris, França, e ameaça um dos últimos povos indígenas isolados do Planeta.

Segundo informado, madeireiros ilegais poderiam estar por trás desses incêndios, em represália aos esforços dos povos indígenas para defenderem seus territórios e mantê-los afastados de invasores. As chamas ameaçam uma das poucas regiões da selva pré-amazônica brasileira, o último entorno deste tipo no mundo.

Essa zona é o lar da tribo Awá, um dos povos indígenas mais vulneráveis do mundo. Os awás dependem, por completo, de sua selva para existirem. Os awás e outros povos indígenas da Terra combatem prioritariamente a mudança climática e a destruição dos entornos naturais que habitam. São os melhores protetores de suas selvas e bosques, e a fórmula mais econômica e rápida de proteger a Amazônia passa por respeitar seus direitos territoriais.

Um porta-voz Awá, Tatuxa'a, afirmou: "hoje, adentrei na selva e as cinzas e as chamas me rodeavam (...). Há fogo por todos os lados, está muito próximo de nossas comunidades (...). Necessitamos que o governo nos ajude (...). Sozinhos, não podemos acabar com os incêndios, porque são muitos!". E completou: "a selva é rica em frutos e presas de caça (...), tudo está sendo destruído! Também estão secando nosso riacho. Onde caçaremos? Onde coletaremos mel? Hoje, me sinto muito triste e preocupado".

Cerca de uma centena de awás permanecem em isolamento. Não têm contato com a sociedade predominante do Brasil. Poderão acabar sendo exterminados pelas chamas, se estas não se extinguirem, mas, até o momento, as autoridades brasileiras não adotaram medidas eficazes, deixando sozinhos awás e tribos vizinhas combatendo os incêndios.

No ano passado, uma campanha global da Survival Internacional pressionou ao ministro da Justiça do Brasil para que enviasse centenas de agentes ao território central dos awás, para expulsarem madeireiros ilegais que o invadiam. Mas, agora, a terra awá não está sendo protegida adequadamente, e os madeireiros estão retornando.

No mês de outubro passado, as chamas destruíram quase metade de outro território awá próximo, conhecido como Arariboia, onde também habitam awás isolados. Desconhece-se se há algum tipo de conexão entre os dois incidentes, ou se os madeireiros poderiam estar adotando uma nova estratégia para reclamar a terra dos indígenas.

A Survival Internacional, movimento global pelo direito dos povos indígenas, roga ao governo brasileiro que extinga o fogo, proteja a terra dos awás e os salve da aniquilação. Enquanto os líderes mundiais se congregam em Paris, durante a COP21, é fundamental que os veículos internacionais de comunicação não ignorem as catástrofes ecológicas que, neste momento, afetam algumas das sociedades mais vulneráveis do Planeta.

O diretor da Survival Internacional, Stephen Corry, declara: "este incêndio ilustra, à perfeição, porque a COP21 precisa de uma voz indígena mais forte. Enquanto os líderes dos países industrializados pactuam em Paris, os povos indígenas estão sofrendo as consequências reais da destruição do meio ambiente. O Brasil precisa realizar maiores esforços para proteger a selva dos awás desses madeireiros incendiários. Se não fizer isso, uma das tribos mais ameaçadas da Terra e seu entorno natural, que foi conservado exitosamente durante gerações, serão exterminados".

http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cat=10&cod=87576

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