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Incêndio causa suspeita de algo pior, diz senador

Brasil Norte-Boa Vista-RR
21 de Set de 2005

O parlamentar roraimense não descarta a possibilidade do crime ter sido cometido com o objetivo de criar um factóide
Mozarildo Cavalcanti: "O incêndio ocorre, coincidentemente, quatro dias antes dessas comemorações"
"Muito suspeito". Foi assim que o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB) considerou o incêndio do Centro de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol, em Surumu, ocorrido no último sábado, poucos dias antes dos festejos que organizações ligadas à Igreja Católica pretendem promover para comemorar a demarcação daquela reserva indígena.
Crítico da demarcação, o parlamentar fez uma avaliação sobre o episódio que, a princípio, contraria as suspeitas de que o ataque teria sido realizado por opositores da medida, homologada pelo governo federal em abril.
- O incêndio ocorre, coincidentemente, quatro dias antes dessas comemorações, para as quais foram convidados um bispo que está na Itália e que começou essa confusão [da demarcação], uma senadora italiana, uma rede de televisão européia e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos - comentou.
O senador também citou matéria do jornalista Amazonas Brasil, que compara o incidente ao incêndio do Reichstag, o edifício do parlamento alemão, em 1933. Segundo o artigo, Adolf Hitler teria mandado queimar o prédio e atribuído o ataque aos comunistas, utilizando-se desse argumento para perseguir esses inimigos políticos.
Ao prosseguir com a analogia, o jornalista insinua que o incêndio em Roraima teria sido provocado, na verdade, pelos defensores da demarcação.
Mozarildo destacou que a polêmica envolvendo a reserva Raposa Serra do Sol "se arrastou por 30 anos". E criticou a Igreja Católica, acusando a instituição de "impor na marra" a demarcação.
Segundo o senador, os indígenas que moram na região seriam contra a delimitação da reserva de forma contínua. O ministro da Justiça também foi alvo de críticas do parlamentar.
- Márcio Thomaz Bastos, contrariando tudo e todos, usou de falsidades no Supremo Tribunal Federal. Ele fez com que as ações judiciais contra a demarcação fossem derrubadas por meio de um artifício que é errado. O presidente da República homologou a reserva em cima de uma mentira - declarou o senador.(Brasil Norte, 21.09.05)
Deputados criticam intromissão de parlamentar italiana em Roraima
O presidente da Assembléia Legislativa de Roraima, deputado Mecias de Jesus (PL), mostrando-se indignado com as declarações da senadora italiana Emanuela Baio Dossi, que está em Boa Vista para participar dos festejos em comemoração à homologação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol.
Ela disse em entrevista que veio trazer a solidariedade do Parlamento Italiano, pela recente homologação da terra indígena, após trinta anos de luta.
Segundo Mecias, "não há mais indícios de que por trás desta homologação existem interesses internacionais sobre os povos da Amazônia, e em especial às nossas riquezas naturais".
Para o deputado, "é necessário estar atento para esta situação, onde sequer foi assegurado o direito de buscarmos una solução em que fosse preservada a vontade dos brancos e índios contrários á demarcação da forma que foi executada pelo governo federal, privilegiando somente uma parte neste processo".
"Como se não bastasse sermos pego de surpresa pela forma como foi anunciada a demarcação, ainda temos que nos contentar com palavras de uma representante do parlamento italiano que deve conduzir os interesses de seu país e não da Amazônia. Demonstro a minha insatisfação, e entendo que dos nossos problemas temos capacidade suficiente de resolvê-los, não necessitando da interferência de pessoas alheias ao nosso interesse", disse Mecias.
Outro parlamentar que manifestou opinião contrária às declarações da representante do parlamento italiano foi o deputado estadual Raul Prudente de Moraes, que na sua opinião não é com palavras cordiais que irá se resolver os problemas das comunidades indígenas, o que é necessário ser feito é cobrar do Presidente Lula e do Ministro da Justiça Márcio Thomaz bastos, autores do processo de homologação das terras indígenas, uma posição firme, já que o governo federal, em uma atitude radical toma para si a responsabilidade de cuidar dos povos instalados na região, que cumpra com o seu prometido, e não deixe as comunidades indígenas á mercê da sorte, implementando de fato a ajuda necessária prometida, a qual não está sendo cumprida.
Raul disse que os índios representam para as organizações internacionais apenas grandes discursos, se querem realmente ser solidários à causa indígena, porque não ajudam financeiramente para auxiliar na melhoria de vida dos povos que estão sofrendo por culpa do descaso do governo federal.
"Fica fisicamente evidenciado o interesse dos países internacionais sobre a Amazônia. Há muito tempo escuto falar sobre a internacionalização da Amazônia, e acredito que a repercussão deste tema tenha sentido. Nos causa preocupação, e serve de alerta. Nós é que devemos gerenciar o nosso patrimônio e não permitir olhares estranhos sobre o nosso rico potencial, que sabe tenha servido de barganha para promover esta decisão equivocada por parte do governo federal" comentou o parlamentar.

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