Diário de MS-Campo Grande-MS
10 de Mai de 2005
A presença da Comissão Interministerial por dois dias em Dourados, embora não tenha apresentado, num primeiro momento, nenhuma medida concreta no sentido de pôr fim aos problemas enfrentados pelas comunidades indígenas da cidade e região, pode começar a apresentar resultados positivos a partir da criação do Comitê Gestor, anunciado ontem pelo coordenador da Comissão designada pelo presidente Lula com o objetivo de encaminhar soluções práticas para a problemática das aldeias.
A iniciativa de se criar um Comitê Gestor, com a função de conduzir as ações e coordenar o trabalho integrado dos governos federal, estadual e municipal junto aos indígenas, pode ter sido o primeiro e mais importante passo dado nos últimos meses rumo à solução para os problemas que flagelam esse povo, mobilizam políticos e instituições e ganham a mídia nacional e internacional.
Oxalá, em curto espaço de tempo, o noticiário nacional passe a dar destaque para o fim da miséria e, mais ainda, possam divulgar uma substancial melhora na qualidade de vida das comunidades índias de Mato Grosso do Sul a partir da implementação de programas sociais que atendam de fato as necessidades dos povos indígenas.
Quem sabe agora, com o envolvimento mais direto e presente do governo da União, e a participação, de maneira oficial e organizada, de representantes do Município e do Estado, pequenas questões, como a distribuição dos alimentos que ficaram cerca de duas semanas estocados na sede da Funai por falta de gente para confeccionar as cestas básicas, deixem de ser entrave para o bom atendimento aos moradores das reservas indígenas.
Que no lugar da burocracia, o Comitê Gestor adote medidas práticas, capazes de impedir que a falta de um simples procedimento vire escândalo nacional.
E mais: que os membros do mais novo instrumento criado para encaminhar soluções aos problemas que afetam as comunidades indígenas não busquem e não deixem ninguém priorizar picuinhas políticas ou procurar mostrar trabalho para a mídia, com intuito de tirar proveito no futuro.
A fome, a miséria, o frio e outros flagelos que acometem os índios não devem ter cor partidária nem servir de mote para campanhas eleitorais. A imprensa, com certeza, saberá discernir, cobrar e denunciar quem procurar se servir desses meios para tirar proveito próprio.
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