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IML de Brasília libera corpo de Aldo Mota para sepultamento

CIR-Boa Vista-RR
04 de Abr de 2003

Depois de quatro meses, finalmente a família do índio Aldo da Silva Mota, assassinado na fazenda Retiro, pode sepultá-lo de acordo com as tradições indígenas. O corpo chegou de Brasília na madrugada de hoje, dia 03 de abril e está sendo velado na sede regional da Funai, em Boa Vista. Amanhã, será transladado para a aldeia Willimon, onde acontecerá o enterro.

Enquanto isso, os acusados continuam soltos, impunes. A viúva Irene de Oliveira clama por justiça: " Quero que os culpados sejam presos", diz. Aldo deixou nove filhos, o mais novo com apenas 11 meses de idade. Ela conta que as crianças choram muito e perguntam pelo pai". Ele era carinhoso, não brigava com os filhos", declara Irene. Já a filha, Valdenora Mota Silva, 13 anos, também pede que seja feita justiça e espera que os criminosos sejam punidos.

O Conselho Indígena de Roraima solicita agilidade no processo da investigação e punição para os assassinos de Aldo Mota para que não venha a ser mais um registro na história de impunidades dos agressores dos povos indígenas no estado de Roraima.

A execução ocorreu no início do mês de janeiro desse ano, dentro da fazenda Retiro do vereador Francisco das Chagas ("Chico Tripa") e os assassinos ocultaram o cadáver durante uma semana numa cova rasa até que 'avisados' por urubus, os indígenas da região encontraram o corpo já em decomposição. A viúva relata que o marido havia recebido recado de um empregado do vereador apelidado de "Bofete" para pegar uma rês da aldeia que estava na área da fazenda, e não voltou mais para casa.

O Instituto Médico Legal de Boa Vista atestou que a causa morte de Aldo Mota foi "natural e indeterminada" e um segundo laudo da Secretaria de Segurança Pública do Estado indicou que a "causa da morte era indeterminada e que não havia hemorragias difusas ou localizadas no tórax". Inconformados com as duas autópsias, a família da vítima e o Conselho Indígena de Roraima solicitaram, através do Ministério Público Federal, um laudo especializado e independente

Os peritos do Laboratório Antropologia Forense do IML Brasília visitaram o local do crime e descobriram que após a execução o corpo foi arrastado por mais 300 metros até a cova em que foi enterrado.

O laudo cadavérico do Laboratório de Antropologia Forense do Instituto Médico Legal de Brasília atesta que o índio macuxi, Aldo da Silva Mota, foi executado com um tiro quando estava com os dois braços erguidos. O ministro da Justiça, Márcio Tomaz Bastos, recebeu o laudo na sexta-feira
(21/02) e imediatamente "determinou à Polícia Federal a intensificação das investigações e a total apuração do caso até a prisão dos criminosos".

Os peritos do IML da capital federal detectaram que Aldo Mota teve hemorragia interna causada por traumatismo torácico transfixiante, ocasionado por projétil de arma de fogo disparado de cima para baixo.

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