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Ilhéus de Papua são os primeiros refugiados ambientais

O Globo, Ciência e Vida, p. 29
29 de Nov de 2005

Ilhéus de Papua são os primeiros refugiados ambientais

Os 980 habitantes de seis pequenas Ilhas de Carteret, ao norte da ilha de Bougainville, em Papua Nova Guiné, entraram na História como os primeiros refugiados ambientais, obrigados a abandonar suas casas devido à elevação do nível do mar, supostamente associada ao aquecimento global.
Enquanto representantes de 190 países se encontram em Montreal para discutir o combate ao aquecimento global na conferência da ONU sobre mudanças climáticas que se iniciou hoje, os habitantes das seis ilhas começam a ser removidos.
O governo de Papua Nova Guiné transferirá dez famílias por vez para Bougainville, 100 quilômetros ao sul. Em dois anos, as seis ilhas, cuja superfície total não supera 80 campos de futebol e a altitude é menor do que 1,5 metro, estarão desabitadas. Até 2015, provavelmente estarão completamente submersas.
Há alguns anos a vida nas Ilhas Carteret é complicada. Muitos dos habitantes passam fome e dependem do auxílio do governo de Port Moresby, visto que a infiltração da água salgada destrói a vegetação e impede o cultivo de hortaliças e árvores frutíferas.
- É uma vida muito dura naquelas ilhas, muitas das casas já foram levadas pelo mar - disse à Rádio Austrália o coordenador distrital de Bougainville, Joe Kaipu. - A única ação possível é reassentá-los.
O caso das ilhas Carteret não é único. Outras ilhas do Pacífico, como Kiribati, Tuvalu, Marshall e Maldivas, também estão ameaçadas.
Brasil será pressionado por desmatamento
Um estudo recente das Nações Unidas prevê que cerca de 50 milhões de pessoas se tornarão "refugiadas ambientais" até 2010, expulsas das suas casas por desertificação, elevação do nível do mar, inundações e furacões ligados às mudanças climáticas.
A Conferência de Montreal, que conta com a participação de dez mil especialistas, está centrada na posição que países-chave, como os Estados Unidos, adotarão quando o Protocolo de Kioto expirar, em 2012. Os EUA não assinaram o acordo internacional que prevê a redução de gases do efeito estufa, embora sejam um dos maiores poluidores do planeta.
Durante duas semanas, a conferência se encarregará também de fixar as bases do acordo a ser adotado a partir de 2012. O Brasil, que por ser um país em desenvolvimento não é obrigado a cumprir metas de redução de emissões segundo Kioto, provavelmente sofrerá pressões para se comprometer a reduzir seus índices de desmatamento, que o posicionam entre os dez países mais poluidores do mundo.

O Globo, 29/11/2005, Ciência e Vida, p. 29

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