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Iceberg promove atividade biológica que captura CO2

OESP, Vida, p. A21
22 de Jun de 2007

Iceberg promove atividade biológica que captura CO2
Placas separadas da Antártida estão levando minerais para o oceano

AP, Washington

Pesquisadores descobriram que icebergs separados da Antártida e que flutuam pelo oceano - fenômeno intensificado pelo aquecimento global - promovem um aumento de formas de vida ao seu redor e acabam compensando, ao menos em parte, o fenômeno que os separou do continente gelado.

Uma equipe de cientistas liderados por Kenneth Smith Jr., do Instituto de Pesquisa Monterey Bay Aquarium, estudou o impacto dos gigantescos pedaços de gelo sobre o ambiente marinho e descobriu um aumento nas formas de vida ao redor dos dois icebergs que estudaram (W-86 e A-52, no Mar de Weddell).

Eles observaram que o derretimento do gelo derrama partículas originárias do continente no mar, como pedaços de solo e rocha, criando focos de alimento para o plâncton e para os pequenos animais marinhos conhecidos como krill.

A abundância de formas de vida se estende por um raio de 4 quilômetros a partir dos blocos de gelo, informam os pesquisadores na edição desta semana da revista Science. "Do mesmo modo que poços de água são hotspots num deserto, icebergs à deriva são como oásis no oceano antártico", disse Russell Hopcroft, do Instituto de Ciência Marinha da Universidade do Alasca, que não participou da pesquisa.

COMPENSAÇÃO PARCIAL

Ao estimular a vida que os cerca, os icebergs podem também ajudar a reduzir o excesso de gás carbônico na atmosfera - compensando, ainda que só um pouco, o aquecimento global que os destacou do continente, sugere Smith.

"Uma conseqüência importante da maior produtividade biológica é que os icebergs à deriva podem servir como rota para a captura e seqüestro do carbono, à medida que afundam no oceano", diz o pesquisador.

"Embora o derretimento das capas de gelo da Antártida esteja contribuindo para a elevação do nível dos mares, esse papel na remoção de carbono pode ter implicações para os modelos climáticos globais, que precisam ser mais estudados."

A geóloga Kristen St. John, da Universidade James Madison, declarou-se surpresa com a escala do fenômeno. "A falta de ferro limita a atividade biológica no oceano meridional. Se os icebergs estão transportando minerais ricos em ferro para longe da costa, é lógico que os icebergs estejam ajudando na base da cadeia alimentar, o que pode ter efeitos positivos."

OESP, 22/06/2007, Vida, p. A21

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