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IBGE lança atlas que permite rastrear a rede de saneamento

GM, Saneamento & Meio Ambiente, p. A11
23 de Mar de 2004

IBGE lança atlas que permite rastrear a rede de saneamento

Mapeamento levará à aplicação de recursos com critérios mais justos. A região Sudeste se destaca como uma das áreas do Brasil onde há o melhor serviço de saneamento, com praticamente 100% de abastecimento, enquanto algumas áreas, especialmente no Norte e Nordeste, ainda permanecem como regiões onde a questão do saneamento continua necessitando de mais atenção.
"A partir de agora, será possível atenuar essas diferenças e até calcular o quanto é gasto com as doenças causadas pelas questões hídricas, para que se possa investir os recursos nos lugares certos", disse o diretor de Geociência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Guido Gelli. O instituto lançou ontem, no Rio, o Atlas de Saneamento, que revela, em mapas, a difusão espacial das redes de saneamento do território brasileiro.
Pela primeira vez, a pesquisa interpreta dados a partir das bacias hidrográficas, unidades territoriais estratégicas de gestão ambiental, conforme determina a Lei Federal dos Recursos Hídricos (Lei 9.433 de 1997). "A pesquisa pelas bacias hidrográficas mostra a pressão de população localizada na Bacia do Paraná, onde está a região metropolitana de São Paulo e também a Bacia onde está a cidade do Rio de Janeiro, por exemplo", explicou Maria Luiza Castello Branco, coordenadora de Geografia do IBGE.
Segundo ela, a grande questão não está só na pressão da população, mas também no tratamento que é dado à água que a população recebe, além da água que é devolvida para os rios. De acordo com o Atlas, algumas bacias hidrográficas apresentam poluição na captação superficial de água causada por determinadas fontes poluidoras relacionadas às atividades econômicas daquela população. "Nas bacias Costeiras Sul e Sudeste, por exemplo, os despejos industriais ganham maior participação relativa, ainda que a maior fonte poluidora seja o esgoto sanitário", explicou Maria Luiza Castello Branco.

A pesquisa revela ainda que um dos principais agentes poluidores dos mananciais é o esgoto, já que o alto número de municípios que ainda não coletam e tratam seus esgotos torna a situação preocupante, principalmente em áreas de maior densamento populacional. "Existem duas coisas que podem ser contrapostas, uma é a densidade populacional que é vista na região Sudeste e Sul, onde a maior disponibilidade econômica permite que esses serviços sejam melhor estruturados, e na Norte e Nordeste, onde a própria dispersão de população dificulta a universalização destes serviços", afirmou a coordenadora.
A falta de saneamento básico, comentou, acarreta doenças de veiculação hídrica, como diarréia, dengue e febre amarela. "A questão do lixo também é preocupante, já que, nas épocas de enchentes, os ratos são vistos com mais freqüência e, através da sua urina, é transmitida a lepitospirose", ressaltou.
De acordo com o Atlas de Saneamento, baseado na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, é possível verificar que, na grande maioria das bacias hidrográficas, o volume de esgoto coletado é bastante baixo em relação ao produzido. O maior número se encontra no Sudeste (95%), além das bacias hidrográficas dos rios São Francisco e da Prata (ambos com 63%), seguidas pelas bacias costeiras do Nordeste oriental (57%) e do Sul (49%). Para Maria Luiza, a solução para a melhoria do saneamento está nos comitês de bacias existentes no País e o Estado de São Paulo é onde existe o melhor desenvolvimento desses comitês.

GM, 23/03/2004, Saneamento & Meio Ambiente, p. A11

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