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Ibama sobrevoa norte da fronteira com Peru para apurar denúncias de madeira ilegal

Radiobrás-Brasília-DF
Autor: Thaís Brianezi
03 de Mar de 2006

Há três dias fiscais da Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobrevoam o chamado Alto Rio Envira, na fronteira entre Brasil e Peru.

"Vamos continuar o levantamento aéreo por mais oito ou dez dias, mas os dados preliminares mostram que não há exploração de madeira no território brasileiro ou ela está sendo feita sem abertura de clareiras na mata", informou hoje (3) à Radiobrás o assessor da Dipro que acompanha as ações na fronteira entre Brasil e Peru, Kleber Alves.

No local vivem dois povos indígenas do tronco linguístico pano, em isolamento voluntário. Segundo denúncias da Fundação Nacional do Índio (Funai), publicadas pela Agência Brasil no último dia 13, os indígenas correm risco de entrar em conflito com o povo masko-piro, que vive em áreas peruanas, mas que estaria migrando para o lado brasileiro graças à exploração ilegal de mogno no seu território.

Essa retirada ilegal de madeira foi detectada por funcionários do posto Feijó, da Funai, localizado às margens do Rio Envira, quando algumas pranchas de mogno foram carregadas pelas águas, no começo do ano."Agora não vimos mais pranchas boiando porque o rio secou. Além disso, provavelmente o pessoal sentiu falta do material e empilhou melhor a madeira", avaliou o chefe em exercício da Coordenação Geral de Índios Isolados (CGII) da Funai, José Carlos Meirelles.

Alves informou ainda que em 2001 foi criado o Grupo de Cooperação Ambiental Brasil-Peru, do qual ele faz parte. "Há dois anos, após a invasão de madeireiros peruanos na terra indígena do rio Amônia [onde vivem os Ashaninka] e no Parque Nacional da Serra do Divisor, intensificamos as operações na região. Algumas delas foram realizadas com a Polícia Nacional Peruana e o Inrena [Instituto de Recursos Naturais do Peru, que cumpre o mesmo papel do Ibama]", contou.

"Mensalmente a gente sobrevoa essa região mais ao sul da fronteira. Entre sábado e segunda-feira, no carnaval, fizemos o último sobrevôo, e não identificamos novos acampamentos nem sinais de desmatamento recente".

De acordo com Alves, as denúncias da Funai podem significar que os madeireiros que atuavam nessa área tenham migrado cerca de mil quilômetros para regiões mais ao norte da fronteira, mais próximas à cabeceira do Rio Envira, onde vivem os povos indígenas isolados. "Por isso, estamos agora sobrevoando o alto Rio Envira, uma região de acesso mais difícil. É preciso que o helicóptero voe pesado, com bastante combustível, porque não há local para abastecê-lo", revelou.

Ainda segundo Alves o grupo de Grupo de Cooperação Ambiental Brasil-Peru se reúne duas vezes ao ano, em Lima. O próximo encontro deverá acontecer em abril. "Estamos recolhendo mais dados para levar a eles essa denúncia. Não podemos fazer uma acusação tão grave se ainda não sabemos onde exatamente está o problema", ponderou.

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