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Ibama reprime atividade ilegal de madeireiras

JB
29 de Mai de 2001

Objetivo é reduzir comércio ilícito nos nove estados da Amazônia em 66%.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) deu início ontem a uma operação de fiscalização de crimes ambientais nos nove estados da Amazônia Legal. O principal objetivo da campanha é inibir o comércio ilegal de madeira. Dos 40 milhões de metros cúbicos de madeira consumidos no Brasil e destinados à exportação, 35 milhões vêm da Amazônia Legal, 30% deles extraídos sem autorização. A meta do Ibama é reduzir este percentual para 10%.

A megaoperação, realizada pelo Ibama desde 1992, conta com mil fiscais, 140 veículos, 60 embarcações, três aeronaves e três helicópteros, além de 900 voluntários. ''Esperamos chegar a 1.500 homens até o fim da campanha, que se estenderá até outubro'', disse José Leland Barroso, chefe do Departamento de Fiscalização do Ibama.

Chuva - Segundo Barroso, os meses entre junho e outubro são os preferidos pelas madeireiras porque são os de menos chuva na região. ''Nessa época, as estradas abertas na mata pelas empresas ficam mais trafegáveis, pois há menos lama. É quando a extração madeireira aumenta'', contou Barroso, ressaltando que o tráfico de animais e a pesca predatória também serão repreendidos.

A atuação dos fiscais será concentrada nos estados do Pará e de Rondônia, onde a ação das estimadas 7 mil madeireiras em toda a Amazônia Legal é mais forte. Dentro desses estados a atenção será voltada para as unidades de conservação e reservas indígenas, onde, segundo o Greenpeace, estão os últimos estoques de mogno, uma das espécies de madeira mais procuradas, apesar de figurara na lista da Convenção Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites), da qual o Brasil é signatário.

Mogno - Paulo Adário, coordenador da campanha para a Amazônia do grupo em ambientalista, em Manaus, existem apenas 10 projetos de extração de mogno autorizados pelo governo federal na região. No entanto, não raras as vezes madeireiros compram o mogno dos índios por R$ 70 o metro cúbico. Na avaliação de Adário, depois de processada, a madeira é vendida no mercado internacional por US$ 800 o metro cúbico (cerca de R$ 1.600). O produto acabado, seria revendido na Europa por até US$ 8 mil.

Além da ameaça de extinção da espécie florestal, a extração do mogno representa um risco para as árvores vizinhas. Como cresce a cada 2 ou 3 hectares, 1.700 metros quadrados de floresta são destruídos para que um pé de mogno seja extraído. ''Os madeireiros usam tratores para abrir estradas e acabam derrubando outras espécies pelo caminho'', diz Adário.

A prática contribuiu para elevar o desmatamento da Floresta Amazônica. Segundo documento divulgado há duas semanas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), entre agosto de 1999 e agosto de 2000, 19.832 quilômetros quadrados de mata foram devastados. Isso significa destruir área equivalente à de um campo de futebol a cada oito segundos. Nos últimos 25 anos, a floresta perdeu 569.269 quilômetros quadrados.
(-Jornal do Brasil- Rio de Janeiro-RJ-29/05/01)

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