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Ibama multa ONG por pesca e controle de tubarões no Recife

UOL Notícias - http://noticias.uol.com.br/
Autor: Carlos Madeiro
10 de Out de 2013

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis) aplicou duas multas contra uma ONG (Organização Não-governamental) de Pernambuco por denúncia de pesca irregular de tubarões no litoral da Grande Recife, onde os ataques a banhistas e surfistas são frequentes.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (9), o Ibama explicou que as duas multas à ONG Propesca foram pela pesca de um tubarão de espécie inofensiva e contra a inserção de tilápias no mar.

Segundo o Ibama, as multas foram dadas a um "surfista aposentado" e um "engenheiro de pesca" que lideram a ONG. Eles foram multados em R$ 5.000 e R$ 3.000, respectivamente. Os nomes das pessoas autuadas não foram divulgados.

Em Recife, desde 1992, quando os casos de ataques de tubarão começaram a ser computados pelo Estado, já ocorreram 59 ataques. Segundo dados do Cemit (Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões), foram 24 mortes.

O último ataque foi a uma turista paulista, em julho deste ano. Bruna Silva Gobbi, 18, morreu após ser mordida por um tubarão enquanto se afogava na praia de Boa Viagem.

Autuações

Uma das multas do Ibama à ONG foi pela caça de um tubarão-limão, espécie em extinção e de pesca proibida. A outra foi por conta da soltura de tilápias no litoral do Recife, o que poderia causar graves impactos ambientais nos estuários dos rios Beberibe e Capiberibe.

Além das multas, os dois acusados vão responder a ações civis e criminais pelos supostos danos causados ao meio ambiente.

Segundo o analista ambiental e integrante do Plano Nacional de Espécies em Extinção do Ibama, Leandro Aranha, há uma preocupação na pesca causar um desequilíbrio ambiental.

"O tubarão é um dos animais que mais cresceu o risco de extinção nos últimos anos. E a espécie de tubarão pescado não oferece nenhum risco", afirmou o analista, responsável pela autuação.

Ainda segundo o analista, o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) já faz a pesca de animais, contribuindo para a redução dos ataques de tubarão no litoral do Recife.

"Eles capturam com um anzol especial e os devolvem em alto mar. Essa é a forma. O índice de perda desses animais é baixíssimo", explicou.
Sobre a inserção de tilápias, Leandro Aranha diz que ela não é uma espécie nativa do país e pode causar danos ao estuário dos dois rios que cortam a capital pernambucana.

"Ele é um animal extremamente invasor, ocupa espaços de espécies é e extremamente tolerante à salinidade. Eles foram jogados para servir de isca, mas elas poderiam tranquilamente nadar e chegar ao estuário", disse.

Na semana passada, o MPF (Ministério Público Federal) em Pernambuco já havia recomendado o fim da pesca. O órgão alegou que a atividade é "incompatível com a Constituição Federal, além de não estar amparada por qualquer autorização estatal".

ONG nega

O presidente da ONG Propesca, Bruno Pantoja, disse que a entidade não realiza pesca de tubarões e questionou os argumentos do Ibama e do MPF.

"Não estamos promovendo pesca de tubarão. É uma mentira que dita mil vezes se transformou em 'verdade'. O último trabalho que fizemos de pesca foi em março deste ano, mas com a assistência técnica aos pescadores. Nós não estamos fazendo apologia a matança de tubarão. Isso é absurdo", questionou.

Ainda segundo o presidente, o objetivo da ONG é ensinar os pequenos pescadores técnicas sustentáveis de pesca, aumentando a produtividade e reduzindo os danos ambientais.

"A pesca de tubarão só acontece por acaso, como fauna acompanhante. Nós vamos em barcos pesqueiros para difundir novas técnicas de pesca, tirando a condição de predatório para sustentável", explicou.

Sobre a pesca de um tubarão-limão, Pantoja disse que ela foi acidental. "Primeiro: o surfista aposentado não faz parte do instituto. E o tubarão-limão que foi pescado foi acidental. Ele usou uma rede de malhar, que é altamente impactante. Somos contra esse tipo, que tem um dano grande. É isso que estamos fazendo: orientando os pescadores", disse.

Segundo Pantoja, não foi feita inserção de tilápias vivas, mas sim, mortas que serviriam de iscas. Além disso, ele alega que a espécie já existe no país.

"O problema do mar aqui é a falta de alimento para o tubarão. A inserção é uma prática permitida. A tilápia é um peixe já introduzido na fauna brasileira e está dentro da portaria 145 do Ibama, que diz que ela já está introduzida no Brasil em praticamente todas as bacias", afirmou.

A ONG também faz sugestões de redução de ataques de tubarões. "A gente quer duas linhas de ações: a recuperação ambiental e as redes de proteção. O que estamos querendo é provocar o debate e colocar as verdades da problemática do tubarão", disse.

http://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2013/…

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