VOLTAR

Ibama irá marcar "bois piratas" antes de fazer apreensão de gado

FSP, Brasil, p. A10
04 de Jun de 2008

Ibama irá marcar "bois piratas" antes de fazer apreensão de gado

Da sucursal de Brasília
Da Redação

A apreensão de bois criados em áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia, anunciada pelo ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), será precedida por uma etapa em que o gado será marcado e mantido aos cuidados do proprietário da fazenda até o leilão dos animais, pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
O alvo inicial da operação "Boi pirata" são as 331 propriedades embargadas só neste ano na região, numa área de 700 km2, quase duas vezes a Baia da Guanabara.
"Num primeiro momento, é mais prático manter o boi no pasto, e o proprietário ficará como fiel depositário", disse Flávio Montiel, diretor de Proteção Ambiental do Ibama. Pará, Mato Grosso e Roraima são os principais alvos.
Segundo Montiel, a identificação do gado será feita por meio de 116 operações do Ibama previstas para junho e julho nas áreas de maior devastação, com o apoio do Exército.
O diretor do Ibama disse que a expectativa é apreender "um número razoável" de bois.
A Amazônia tem mais de 2.400 terras embargadas por desmatamento ilegal. Em decreto assinado em dezembro, o presidente Lula determinou a suspensão da atividade econômica nas áreas embargadas. Com base no decreto Minc anunciou a apreensão de bois.
Autor da proposta anunciada por Minc, o diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Tasso Azevedo, disse que a idéia original do "Boi pirata" não é apreender gado, mas dar prejuízo aos desmatadores ilegais, impedindo que eles vendam sua produção.
"Apreender o boi me criaria um outro problema. Para onde levá-lo? Como mantê-lo vivo?"
O gado ilegal seria doado à Conab, que poderia vendê-lo aos frigoríficos. Se um frigorífico comprar gado marcado como pirata de qualquer um que não seja a Conab, pode ser punido. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, não quis comentar a medida.
Ontem, Minc acertou a prorrogação por mais um ano da moratória da soja. Em 2006, associações se comprometeram a suspender a compra de soja cultivada em novas áreas desmatadas na Amazônia.
(Marta Salomon e Claudiu Angelo)

FSP, 04/06/2008, Brasil, p. A10

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.