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Ibama intensificará fiscalização em MT e RO

O Globo, O País, p. 8
21 de Mai de 2005

Ibama intensificará fiscalização em MT e RO
'Não vamos fazer esse jogo de ficar culpando', Responde a ministra do Meio Ambiente

Marina diz que Maggi foge de suas responsabilidades ao acusar governo federal de não coibir a devastação
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, informou que o Ibama vai aumentar a fiscalização contra práticas depredatórias da Floresta Amazônica em Mato Grosso e em Rondônia, estados com os mais altos índices de desmatamento, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados na quarta-feira. Marina rebateu as críticas do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), de que o governo federal teria deixado de inibir os desmatadores. A ministra acusou Maggi de não assumir suas responsabilidades.
- O governo federal não vai fazer esse jogo de ficar culpando. Nos estados onde os governadores não fizeram esse jogo, o desmatamento caiu. É o caso do Pará. Também é bom lembrar que Mato Grosso recebeu o maior orçamento para combater o desmatamento e tem o melhor equipamento para fiscalização via satélite - disse Marina.
Ela afirmou que a fiscalização de propriedades com mais de 300 mil hectares é responsabilidade do governo local, e não do federal. Segundo a ministra, até 2007, a União terá destinado R$390 milhões ao combate ao desmatamento na Amazônia. Marina também afirmou que, desde o início do governo Lula, as operações de fiscalização na Amazônia aumentaram 83%.
- Se não foi o suficiente, vamos intensificar as ações ainda mais a partir de agora - disse a ministra.
Ao tentar explicar os altos índices de desmatamento da Amazônia, Marina alegou que o período analisado pelo INPE, de agosto de 2003 a agosto de 2004, não compreende o auge da atuação do governo no combate à grilagem de terra e à exploração predatória dos recursos naturais da região. O programa teria se intensificado a partir de agosto de 2004, embora o governo tenha começado em janeiro de 2003. Por isso, a ministra acredita que as taxas de desmatamento de 2005 serão mais baixas.
Em meio às críticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma defesa veemente da atuação de Marina e da política de preservação ambiental de seu governo. Na cerimônia de comemoração do Dia da Biodiversidade, Lula afirmou que, no Brasil, é comum o ministério e o Ibama serem responsabilizados pela paralisação de projetos importantes que dependem de liberação ambiental. O presidente acrescentou que esses órgãos nada mais fazem do que aplicar a lei e proteger o país de pessoas que, se pudessem, destruíam tudo.
- O simples cumprimento da lei, muitas vezes, deixa as pessoas indignadas porque alguns, se pudessem, desmatavam tudo. Alguns são vorazes e, se pudessem, derrubavam tudo com trator ou com moto-serra. Se pudessem poluíam todas as águas, porque alguns, por ignorância, acham que são infindáveis os bens que a natureza nos deu.
Em seu discurso, a ministra reconheceu que o nível de desmatamento na Amazônia é "alto e inaceitável", mas afirmou que é preciso aplicar a legislação para proteger o meio ambiente. Marina também pediu urgência na aprovação do projeto de gestão de florestas públicas, que deverá ser votado na comissão especial da Câmara, na terça-feira.
Para Lula, o governo está desenvolvendo o maior processo de proteção do país, mas ainda há muito o que fazer, pois os órgãos de controle - Polícia Federal, Ibama e Exército - não conseguem recuperar o descaso do passado. Segundo ele, o governo está se preparando para ter os instrumentos necessários para cuidar das riquezas naturais do país "não apenas para ser visto pelo mundo", mas para valorizar a auto-estima do brasileiro e deixar um legado às gerações futuras.
- Ainda vamos chegar lá. A sociedade vai evoluindo, os defensores do meio ambiente já não são mais tratados como minoria sectária ou radical, já não são estudantes - afirmou o presidente.

O Globo, 21/05/2005, O País, p. 8

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