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Ibama fecha 3 escritórios temporariamente

O Globo, Rio, p. 24
02 de Set de 2006

Ibama fecha 3 escritórios temporariamente
Prisão de fiscais provocará atrasos na emissão de licenças ambientais e no exame de recursos contra multas

Fernanda Pontes

Com a prisão de um quarto dos fiscais do Ibama e a apreensão de mais de dois mil documentos pela Polícia Federal, três escritórios do instituto estão fechados ao público até o próximo dia 11. Por causa disso, haverá atrasos na emissão de licenças e os recursos de multas deverão ter aumento no prazo. Ontem, o delegado da PF Alexandre Saraiva, que está à frente da Operação Euterpe, pediu prorrogação da prisão temporária de 30 dos 32 acusados de corrupção.

Cristina Oliveira de Jesus, mulher de um servidor do Ibama, e o comerciante de pescado Jadiel de Castro serão soltos hoje porque prestaram depoimento satisfatórios.

Polícia ouvirá 30 empresários
Outro servidor do Ibama, segundo Saraiva, poderá ser preso a qualquer momento acusado de corrupção.

- Algumas pessoas estão colaborando muito e, com isso, chegaremos a novos nomes - disse Saraiva, que pretende ouvir pelo menos 30 empresários do setor imobiliário e da indústria pesqueira.

Além dos 25 servidores envolvidos no esquema, o Ministério Público federal já ofereceu denúncia contra outro fiscal do Ibama em 2003. José Roberto dos Santos multou em R$ 60 mil a empresa Intercontinental Comércio de Alimentos, em Cascadura, por falta de licença ambiental.

No documento, o procurador Maurício Andreiolo Rodrigues afirma que a empresa autuada não precisa de licença, como comprova notificação da Feema, já que o empreendimento era de "pequeno porte" e localizado numa área provida de infra-estrutura. A denúncia foi aceita pela Justiça. O delegado da PF mostrou-se surpreso quando soube da denúncia do MP federal, mas afamou que o valor da multa é muito alto.

Situação confusa na sede do órgão
A prisão dos servidores do Ibama e a apreensão de mais de dois mil documentos pela Polícia Federal provocou o fechamento ao público dos escritórios regionais de Cabo Frio e de Angra dos Reis e da superintendência na Praça Quinze.

- Não podemos deixar os escritórios regionais funcionando sem comando. Os chefes de Cabo Frio e Angra dos Reis estão presos e já foram exonerados. Na semana que vem vamos até os locais para ver o que podemos fazer - disse o superintendente do Ibama no Rio, Rogério Roeco.

Ele explicou que a situação ainda é confusa na sede do Centro. Os servidores, segundo ele, estão preocupados: - É umaa mistura de alívio, afinal foi tirado um câncer da instituição, e preocupação, porque ainda podem ocorrer novas prisões, já que as quadrilhas atuavam há três anos em diversas áreas
do estado.

Das 16 unidades de conservação do Ibama, a Área de Proteção Ambiental de Guapimirim está com um fiscal a menos. O desfalque, segundo Rocco, é maior nos escritórios. Por causa disso, quem precisar recorrer de multas aplicadas pelo órgão terá o prazo prorrogado.

O Globo, 02/09/2006, Rio, p. 24

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