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Ibama estuda criação da reserva do rio Croa

O Rio Branco-Rio Branco-AC
Autor: Flaviano Schneider
05 de Ago de 2005

A região do rio Croa, no vale do Juruá, deverá ser a próxima reserva extrativista a ser criada pelo Ibama no Acre. Para firmar parcerias com o governo do Estado e a Ufac, estão em Rio Branco o analista ambiental do Ibama, Pablo Saldo e o secretário-geral da entidade proponente da reserva, a Associação dos Seringueiros, Agricultores e Extrativistas do Rio Croa e Alagoinhas (Asaebrical), Davi Nunes de Paula. Daqui eles seguem para Brasília, onde dão andamento no processo de criação da reserva.

A reserva em estudo é de extrema importância para a preservação da área impactada pela BR-364, aliás, trata-se da última área ainda não regularizada ali. A área da reserva começa na boca do Alagoinha e vai até o Seringal Tracoá, totalizando algo em torno de 250 mil hectares. Na área vivem entre 400 a 500 famílias.

Segundo explicam Pablo e Davi , no ano passado foi feito um estudo preliminar bancado pela Ong WWF e baseado neste estudo a Asaebrical entrou com o pedido para destinação da área a uma reserva extrativista, depois do manifesto desejo dos moradores da região. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) acolheu a proposta e o Ibama orçamentou recursos dentro do Arpa, que é o programa destinado a tratar de assuntos relacionados a áreas protegidas.

"O Arpa garantiu recursos da ordem de R$ 55 mil para que sejam feitos estudos ainda neste ano e outros R$ 200 mil para o ano que vem para tocar o projeto de criação da reserva, incluindo aí o levantamento fundiário, o levantamento populacional, sócio-econômico e ambiental e o levantamento etno-botânico-faunístico. Depois de a reserva criada virão os planos de manejo e de uso de maneira pormenorizada", informa Pablo. (Flaviano Schneider/Assessoria)

Rio Croa: região paradisíaca em perigo

Espalhando-se por três municípios, Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Guajará (AM) a área da reserva pretendida no rio Croa é paradisíaca, com muitos lagos piscosos, flora de grande diversidade, vitórias-régias, no entanto a pressão sobre ela é enorme, Espremida entre os três municípios a área da reserva sofre com a pressão exercida pela atividade humana e, além das sedes municipais, ainda tem a pressão da vila Alagoinha, da BR-364 e de caçadores, pescadores e madeireiros.

Com este quadro arriscado, o próprio Ibama sentiu a necessidade de estudar rapidamente uma maneira de tornar a área de preservação ambiental antes que seja tarde. Na Vila do Croa, onde habitam 41 famílias, a Asaebrical vem trabalhando já alguns anos em parceria com entidades como o Conselho Nacional dos Seringueiros, Centro de Medicina da Floresta, que implantou no local o Projeto Saúde Nova Vida. A comunidade está organizada, produz remédios e artesanato com produtos da floresta e o que é mais importante, os moradores reconhecem que na reserva extrativista está a esperança de que seu território não seja devastado com o avanço das frentes de derrubadas.

Davi conta ainda que a Asaebrical é, também, uma das organizadoras dos encontros dos povos da floresta que tem trazido excelente retorno para índios, seringueiros e extrativista de um modo geral. A partir do próximo dia 27 de setembro começa o III Encontro dos Povos da Floresta em Cruzeiro do Sul.
(Flaviano Schneider-O Rio Branco-Rio Branco-AC-05/08/05)

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