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Ibama apreende mogno de oito serrarias

O Liberal-Belém-PA
14 de Ago de 2002

Oito serrarias de São Félix do Xingu suspeitas de estarem serrando quatro mil toras de mogno de sete mil extraídas ilegalmente de reservas indígenas, apreendidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e depois roubadas, foram autuadas na segunda-feira, 12, por agentes da Polícia Federal, fiscais do Ibama e homens do Batalhão de Polícia Ambiental. Ninguém foi preso porque em algumas serrarias não havia sequer funcionários para atender os agentes federais. As toras roubadas pelos madeireiros foram avaliadas pelo Ibama em R$ 80 milhões.

Ontem, em nova operação, os agentes federais prenderam o gerente da Madeireira Serra Dourada, Divino dos Reis Souza, conhecido por "Goiano". Na madeireira foram encontrados 307 metros cúbicos de mogno. O dono da empresa, cujo nome não foi revelado pelo Ibama, vai responder a processo por crime ambiental e furto de madeira. Ele não tinha nenhum documento para provar a legalidade da madeira.

Laranjas - Outras serrarias envolvidas com o mesmo tipo de crime devem ser fechadas ainda nesta semana naquela região. Elas seriam empresas laranjas dos madeireiros Moisés Carvalho e Osmar Ferreira, conhecidos como "reis do mogno" na Amazônia. Os dois madeireiros, por intermédio de seus advogados, negam envolvimento nesses crimes.

A "Operação Xingu", que não tem data para acabar, além do roubo e transporte de mogno, também fiscaliza queimadas, tráfico de animais e pesca ilegal. Dela participam 107 agentes e fiscais, incluindo dois delegados da PF do Rio de Janeiro e Brasília. Desde 1998, a extração, transporte, armazenamento e comercialização do mogno estão proibidas no País. Na semana passada, o Ministério do Meio Ambiente prorrogou por mais seis meses a moratória do mogno.

Fuga - De acordo com o Ibama, as toras que foram apreendidas no começo deste ano representam a exploração irregular de cerca de quatro mil hectares de floresta. A madeira estava amarrada, formando uma jangada de um quilometro e meio no rio Xingu.

Pistoleiros foram contratados para escoltar a madeira pelo Rio Xingu, mas eles fugiram, abandonando as jangadas depois que os agentes descobriram a localização do mogno num sobrevôo de helicóptero.

Durante a visita às serrarias, os gerentes negaram que estivesssem cortando mogno que havia sido apreendido. O Ibama também apreendeu três caminhões com 40 toras de castanheira que foram extraídas ilegalmente de assentamentos do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no sul do Pará.

A suspeita é de que toda a madeira era transportada sem notas de autorização. A madeira seria levada para serrarias de Marabá, mas ficará apreendida pelo Ibama até decisão judicial. Temendo leiloar o mogno, pois há o risco de ele ser arrematado e "legalizado" pelas mesmas empresas responsáveis pelo roubo, o Ibama estuda a possibilidade de doar a madeira para entidades e movimentos sociais construírem escolas e postos de saúde em assentamentos da reforma agrária.

Arraias - Fiscais do Ibama apreenderam ontem 100 arraias na ilha de Cotijuba, próxima a Belém. Elas estavam dentro de um barco, cujo dono foi autuado e multado. À tarde, as arraias foram trazidas para a capital. Elas devem ser soltas no parque do Utinga.

Os fiscais suspeitam que as arraias seriam levadas para fora do Brasil. Em países como Estados Unidos e Inglaterra, uma arraia chega a valer U$$ 800 - cerca de R$ 2,5 mil. A comercialização da espécie é considerada crime.

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