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Ibama apreende em serrarias madeira ilegal, caminhões e máquinas

O Liberal-Belém-PA
Autor: Carlos Mendes
18 de Nov de 2002

Em doze dias de trabalho e usando helicóptero, barco, voadeiras e motocicletas, agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), policiais do Pelotão Ambiental de Santarém (Peloma), com o apoio da Delegacia do Meio Ambiente (Dema) de Belém, apreenderam 300 toras de madeira de várias espécies, 150 metros cúbicos de ipê serrado, balsas, caminhões e tratores e aplicaram multas em serrarias e embarcações que transportavam madeira de origem ilegal no Rio Jarauçu, em Porto de Moz, no sudoeste do Estado.

A madeira apreendida, as duas balsas e os dois tratores foram levados para Santarém, à disposição do Ibama. A operação em Porto de Moz será mantida por tempo indeterminado, nos rios Guajará, Jarauçu, Una, Acaraí e Aquiqui, assegura José Ricardo Araújo Lima, gerente executivo do órgão em Santarém.

Em sobrevôo nos rios Guajará, Una e Jarauçu, os agentes do Ibama identificaram, através de coordenadas geográficas, cerca de 600 hectares de desmatamentos e queimadas sem autorização do órgão, 400 km de estradas abertas na floresta e dezenas de pontos de extração ilegal de madeira das espécies ipê, jatobá, maçaranduba e angelim na região entre os municípios de Porto de Moz e Almeirim, distantes em média 450 quilômetros de Belém.

Os coordenadores da operação, agentes de defesa florestal Manoel Costa e Davson Alves de Oliveira, acreditam que o combate à extração ilegal de madeira começou de forma efetiva pelo órgão ambiental. Os fiscais estão realizando inspeção industrial sobre os estoques de madeira que estão nos pátios de serrarias em Porto de Moz e Almeirim, vistoriando todos os planos de manejo e identificando com a Polícia Civil e a Polícia Federal os inféis depositários de balsas e madeiras apreendidas anteriormente pelo órgão.

No rio Jarauçu, próximo à comunidade de São Benedito, os fiscais apreenderam um trator, o empurrador "Seu Oswaldo" e a balsa "Raposo II", com 170 toras de ipê, angelim e jatobá, que iriam para serrarias de Porto de Moz. O dono das embarcações, segundo o comandante Jesus Moreira Gonçalves, é Evandro de Aquim Pinto, madeireiro de Santarém, que mora em Belém.

Outra balsa, sem nome, de propriedade da senhora Maria de Belém, foi apreendida na boca do rio Una, sem documentação. Nela havia 130 metros cúbicos de ipê, cerca de 70 toras. O delegado do Meio Ambiente, Roberto Pimentel, que está com policiais e um escrivão em Porto de Moz, começou na terça feira, 12, a registrar as ocorrências para abertura de inquérito policial. Deverão ser presas, ainda, pessoas já identificadas como mentores e autores de crimes ambientais na região.

Comunidade da Batata perde material antes da regularização

Na comunidade da Batata onde residem e sobrevivem da exploração de madeira cerca de 40 famílias, na margem direita do rio Jarauçu - principal corredor fluvial para transporte ilegal de madeira -, foi localizada uma serraria funcionando há oito meses. "A estrutura foi montada com recursos próprios", afirma o presidente da Associação da Comunidade Batata, José Édson Almeida Duarte. Na Batata foram apreendidos cerca de 50 toras de madeiras de várias espécies, 150 metros cúbicos de ipê serrado, três caminhões e um trator.

O maquinário da serraria foi arrendado de Faraday Fernandes Varejão à comunidade. Segundo Duarte, o processo de regularização da serraria está sendo providenciado junto ao Ibama de Santarém. Informações não confirmadas junto aos membros da associação, garantem que a madeira estava mesmo sendo negociada com um homem de prenome Gilberto, intermediário da empresa Nordisk, que tem escritório em Icoaraci, distrito de Belém.

O presidente da comunidade nega, alegando que a Nordisk exigiu documentação que comprovasse a legalização da serraria junto ao Ibama, para efetivar a compra da madeira. Segundo alguns ribeirinhos, que preferem o anonimato, toda a exploração madeireira das comunidades é "esquentada" em 30 Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS), aprovados ou em fase de aprovação junto ao Ibama, na região.

Um exemplo disso é a Internacional Madeira, grupo sulista que dispõe de quatro mil hectares de área para exploração madeireira, que deslocou sua exploração do rio Acaraí para o Jarauçu. Os irmãos de prenomes Dete, Carlinhos e Tete, que comandam a empresa, agem na região utilizando os planos de manejo como fachada para extrair madeiras de outras áreas fora de projetos aprovados. Invadem áreas das comunidades ribeirinhas e ameaçam os moradores, que já denunciaram os fatos aos vereadores do município de Porto de Moz.

Diversas comunidades ribeirinhas vendem árvores de qualquer espécie ao preço de dez reais para a Madenorte e outros grupos madeireiros. A empresa é responsabilizada por membros do Comitê de Recursos Naturais de Porto de Moz, como a principal devastadora da floresta nativa ao longo dos rios Amazonas e Xingu.

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