VOLTAR

I Simpósio Internacional: Diálogos Interculturais na Fronteira Panamazônica

Foirn - http://foirn.wordpress.com/
15 de Set de 2011

A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro - FOIRN, coordenadora do I Simpósio Internacional - Diálogos interculturais na Fronteira Panamazônica, recepcionou no dia 12 de setembro de 2011, lideranças tradicionais, gestores escolas, pais e alunos indígenas de diversas comunidades localizadas nas calhas dos rios da região do Rio Negro. Além dos indígenas participaram representantes da UFAM, IFAM, do Exercito Brasileiro, SEDUC, Faculdade Dom Bosco, Prefeitura de São Gabriel da Cachoeira-AM, Consulado da Colômbia e Diocese de São Gabriel, bem como outras Instituições.

O Presidente do Conselho Diretor da FOIRN - Renato Matos deu boas vindas aos presentes e em sua fala destacou o processo de construção da Universidade Indígena, afirmando que é necessário pensar no presente para a construção do futuro de São Gabriel, os benefícios gerados pela Universidade tem que ser bom não só para os indígenas mas para todos.

Por sua vez, o diretor da FOIRN Maximiliano Menezes destacou a importância de receber representantes das universidades indígenas da Colombia e Venezuela para debater a educação escolar indígena no Rio negro, lembrou que passados 500 anos da colonização e 300 no Rio Negro, o sistema de colonização ainda se faz presente nos dia de hoje, enfatizou que não quer uma educação copiada, mas sim feito pelos indígenas.

O Presidente da FOIRN, Abraão França, enfatizou o papel da escola diferenciada, desde o Ensino Fundamental, passando pelo Ensino Médio e chega até o Ensino Superior, e a articulação que ela deve ter com os cursos de licenciatura que estão sendo desenvolvidas pela UFAM, UEA, IFAM.

O secretário da SEMEC-SGC, Adelino Arantes, em sua exposição observou que a educação escolar indígena deve ser discutida pelos indígenas. Solicitou que os professores aproveitem o máximo a discussão para fiquem até o final para aproveitarem bem o encontro. O representante do IFAM, senhor Elias Brasiliano falou sobre o processo de empoderamento dos povos indígenas , afirmou que os mesmos devem ser protagonistas de suas histórias.

Representando a SEDUC Francisca Brasão falou sobre o compromisso da Secretaria , através da Gerência de Educação Escolar Indígena com a qualidade de ensino no município de São Gabriel da Cachoeira. Padre Justino, representando os salesianos expôs que, a instituição fez reflexão sobre a sua historia na região, e destacou a contribuição que os Salesianos tem dado aos povos indígenas do Rio Negro. Lembrou que é sempre bom ter dúvidas , pois as mesmas fazem surgir a sabedoria.

A vereadora Osmarina Pena, representando a Câmara Municipal fala da importância do esforço de todos para colocar em prática os encaminhamentos do Simpósio. O General Jaborandi, representando o Exército falou da importância das comunidades indígenas decidirem seu futuro, terem metas e objetivos bem definidos. Observou o estado calamitoso que Davi Denis agradeceu a oportunidade de participar do Simpósio, frisou que é necessário ter coragem para fazer as mudanças necessárias e que o evento é de suma importância para o fortalecimento da educação. O representando da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, Padre Ives, lembra o Simpósio fosse há 50 anos atrás o público seria outro,os não índios estarei falando e os indígenas seriam os ouvintes. Esse Simpósio está demonstrando que a realidade hoje é outra. Pois os indígenas estão ocupando seu espaço.

O cônsul da Colômbia, Matias Vasques Gonzales reafirmou a importância do Simpósio e que compartilha e solidariza-se com luta da e o bem estar da população indígena, e observa a necessidade de fortalecer a educação escolar básica para que se tenha uma boa educação superior.

O coordenador do Simpósio Israel Fontes Dutra enfatizou que todos estão construindo o sonho da Universidade Indígena , diz que no futuro os nossos filhos do presente agradecerão por esse momento. Observou que as idéias nascem na maloca, e pede uma salva de palmas para os pajés, pois os mesmos garantiram a sobrevivência da cultura dos povos do rio Negro.

Representando a UFAM, o senhor Raimundo Nonato enfatiza a importância dos saberes indígenas e destacou a necessidade de se construir o diálogo baseando-se no respeito a as diferenças. Representando a Universidade Indígena da Colômbia, Graciela Bolanos, frisou que está muito contente em estar participando do Simpósio, lembra que o reconhecimento dos direitos dos povos indígenas é uma luta árdua. Lembrou que a Colômbia passa por um momento de reconstrução na sua relação com os indígenas e a Universidade Indígena e um reflexo dessa construção.

Experiências de Universidades Indígenas na Colômbia e Venezuela

A construção e implantação de Universidades Indígenas na Colômbia foi objeto de exposição e debate no I Simpósio Internacional - Diálogos interculturais na Fronteira Panamazônica. Senhora Graziella Bolonas representante da Universidade Autônoma Indígena Intercultural Nacional da Colômbia (UAIIN) Em sua exposição, observou que na Colombia ainda não existe uma política clara que reconheça a educação Universitária Indígena.

Observou que as iniciativas voltadas para reconstrução da educação e a implementação da Universidade Indígena, tem corrido a partir do processo político desenvolvido pelo movimento indígena que desencadeou na forma do CRIC - Conselho Regional Indígena da Colômbia em 1971, que defende e considera como um dos principais pontos de luta a revitalização da cultura. Quanto a construção da universidade, a Universidade Autônoma Indígena em 1998 e resultado de um processo educativo próprio (cabildos indígenas e assembléias comunitárias) e do controle do processo comunitário dos indígenas sobre a educação indígena de forma diferenciada e num grande esforço de diálogo intercultural.

A experiência da Universidade Indígena da Venezuela, foi apresentado pelo senhores José Korta e Wesiyuma, da etnia Ye`.Kwana, Wasiyuma apresentou a experiência da Universidade Indígena da Venezuela como um espaço livre que foi aproveitado pelas comunidades interessadas numa educação baseada indígena na autonomia. Fortalecimento das culturas indígenas. 2. Protagonismo indígena - escritores de seu próprio conhecimento, 3. Toma de consciência da situação atual , 4.superação cultural, 5.assumir o comunitário,6. Assumir as ferramentas ocidental necessárias para fortalecer a cultural indígena, 7. Reafirmação cultural dos povos indígenas, 8. Produção agroecológica. Em suma, a UIV criou a partir das iniciativas das comunidades indígenas Del Cano Tauca no Município de Sucre, um espaço para o pensamento e a reflexão da resistência e afirmação dos povos indígenas da Venezuela com referencias para toda America Latina.

Experiências de ensino superior indígena no Amazonas

O Representante da IFAM, Prof. Elias Brasilino destacou a importância de estabelecer e fortalecer o diálogo intercultural. O Movimento Indígena, nesse aspecto, deve ser protagonista, para objetivar o empoderamento com o intuito de tornar as ações indígenas, no tocante a educação, elemento transformador da realidade em que ele vive. O Prof. Raimundo Nonato, a partir da experiência da da licenciatura em Ciência Naturais da UFAM ofertado para o povo Satere-Mawe e outros oferecidos na região do rio Negro, e as licenciaturas intercultural indígena que estão sendo desenvolvidos em São Gabriel da Cachoeira e em Autazes para os Mura.

A partir dessas experiências o Professor fez a distinção entre educação superior indigenista e educação superior indígena. Explicando que primeiro, o projeto político pedagógico é fechado e não há espaço para que os indígenas possam interferir no processo de formação. Enquanto, a educação indígena, o pensamento indígena e sua visão de mundo foram contemplados nas duas licenciaturas que hoje são desenvolvidas, visto que, os indígenas participaram ativamente do processo de formatação do projeto político pedagógico.

Padre Justino fecha o primeiro dia do encontro reforçando que a Universidade Indígena deve formar profissionais nas diversas áreas do saber que atendam as necessidades locais e que as famílias devem apoiar seus jovens.

É feito o lançamento de um livro.

http://foirn.wordpress.com/2011/09/15/i-simposio-internacional/

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.