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Homens são 7 em cada 10 nas populações indígenas que vivem nos territórios delimitados por lei, aponta IBGE

Valor Econômico - https://valor.globo.com
03 de Mai de 2024

Homens são 7 em cada 10 nas populações indígenas que vivem nos territórios delimitados por lei, aponta IBGE
Na população indígena como um todo, proporção é de 49,26% de homens e 50,74% de mulheres

Lucianne Carneiro
Alessandra Saraiva

03/05/2024

Se na população indígena como um todo a proporção entre homens e mulheres é semelhante à da população brasileira, o perfil é diferente quando se considera apenas aqueles que vivem em territórios oficialmente delimitados. Nessas áreas, existem sete homens a cada dez pessoas, ante quase cinco a cada dez na população brasileira. As informações são da pesquisa Censo 2022: Quilombolas e Indígenas, por sexo e idade, divulgada nesta sexta-feira (3) pelo IBGE.

Do contingente total de 1,694 milhão da população indígena, 834.816 pessoas (49,26%) são homens e 860.020 (50,74%) são mulheres. Na população brasileira, esses percentuais são de 48,52% e 51,48%, respectivamente. Quando se considera apenas a população indígena que vive em territórios delimitados, são 71,48% de homens e 28,52% de mulheres. Por outro lado, no recorte por municípios, as mulheres são maioria na população indígena, com 61,81%, ante 38,19% de homens.

Fatores como o maior nascimento de crianças do sexo masculino, migração mais acentuada de mulheres indígenas, incidência maior de morte de mulheres indígenas acima dos 35 anos, por questões ligadas à saúde feminina, por terem filhos até mais tarde, e ausência da chamada sobremortalidade masculina - geralmente relacionada à questão da violência - podem estar por trás desse perfil diferente no que se refere à proporção entre homens e mulheres, apontaram os pesquisadores do IBGE.

"Essa diferença do perfil de sexo pode estar em diferentes hipóteses. Pode ser uma ausência de sobremortalidade masculina, uma tendência maior de migração de mulheres, uma sobremortalidade materna a partir dos 35 anos... Há várias hipóteses que precisam ser melhor estudadas", afirma o gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, Fernando Damasco.

Na população brasileira, há o fenômeno da sobremortalidade masculina, que é a probabilidade maior de homens morrerem por causa de situações de violência. Essa tendência tende a aparecer menos nas terras indígenas. Damasco admite que uma das hipóteses pode ser maior segurança nesses territórios por causa da estabilidade fundiária trazida pelo reconhecimento desses locais, que traz alguma estabilidade para o uso e gestão do território. Mas ele lembra que são áreas onde faltam serviços fundamentais, como edições anteriores dos Censos mostraram, e há outras questões envolvidas.

Uma delas é a tendência maior de migração de mulheres para fora das terras indígenas, tanto em busca de oportunidades de emprego e renda, quanto para acompanhar filhos na etapa da escolarização, explicam os pesquisadores. Já a maior mortalidade feminina está ligada à tendência de as mulheres indígenas terem filhos até mais tarde, mas com dificuldade de acesso a atendimentos médicos mais complexos.

"As mulheres indígenas começam a ter filhos mais cedo, mas também têm filhos até mais tarde. E há estudos no campo da demografia da saúde que apontam para as consequências para as mulheres, até pela localização mais afastada dos atendimentos de saúde mais complexos", diz a responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta de Oliveira Antunes.

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