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Hidrovias precisam de US$ 1,6 bilhao

GM, Transporte & Logistica, p.A15
24 de Jun de 2004

Hidrovias precisam de US$ 1,6 bilhão
Brasília, 24 de Junho de 2004 - No momento em que a economia emite os primeiros sinais de retomada do crescimento, o planejamento se impõe como uma pré-condição para o ingresso do País em um ciclo de desenvolvimento ininterrupto. Essa foi a mensagem dos empresários do setor da infra-estrutura, que debateram ontem as condições para que o sistema hidroviário levante os US$ 1,6 bilhão necessários à estruturação e ampliação da navegação fluvial.
Fora do orçamento
O baixo investimento público e privado caracteriza esse modal. Entre 1996 e 2002, as hidrovias receberam R$ 113 milhões em recursos do orçamento federal e, segundo os empresários, nos últimos dois anos o Ministério dos Transportes não destinou verbas para a realização de obras de navegação nos rios. O tema foi debatido no seminário "As hidrovias como fator de integração nacional" na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ontem, em Brasília.
A iniciativa privada apresenta dois argumentos contra o baixo investimento público. Primeiro, o custo mais baixo do transporte por hidrovias em comparação aos caminhões e trens. Segundo, a necessidade de equilibrar os modais para contornar o estrangulamento infra-estrutural que pode comprometer o aumento das exportações. "Não podemos abdicar do crescimento das exportações e as hidrovias são a solução natural para aumentar a capacidade de escoamento da produção", afirmou o vice-presidente executivo da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut), José Ribamar Dias.
Ele apresentou dados mostrando que entre 2004 e 2007 a capacidade de produção no setor siderúrgico acrescentará mais 18 milhões de toneladas ao volume atual de 100 milhões de toneladas. No agronegócio, é previsto um acréscimo de 24 milhões de tonelada à produção atual entre 2004 e 2007. "O sistema rodoferroviário dificilmente absorverá esse crescimento", alertou.
Seis eixos navegáveis
O sistema hidroviário brasileiro possui 28 mil quilômetros de vias navegáveis distribuídos por seis eixos: Tapajós-Teles Pires (regiões Centro-Oeste e Norte), Tocantins-Araguaia (regiões Centro-Oeste e Norte), Paraguai-Paraná (regiões Centro-Oeste e Sul), rio Madeira (Amazônia) e rio São Francisco (regiões Sul e Centro-Ieste) e Tietê-Paraná (regiões Sudeste e Sul).
Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o transporte do País está concentrado no modal rodoviário, com 60,49% do fluxo, seguido pelo ferroviário, com 20,86%, e pelo aquaviário, que entre a navegação marítima e fluvial abrange 13,86% do total. O transporte pela navegação nos rios equivale a entre 2% e 4% do total.
Ante os obstáculos que impedem as hidrovias de ser uma real alternativa de escoamento de carga, o presidente da Companhia Siderúrgica do Pará (Cosipar), Luiz Carlos Monteiro, apontou as reclamações do empresariado por mais recursos públicos. Ele diz que falta à iniciativa privada mostrar ao governo o erro de não planejar a navegação fluvial. "Temos que parar com isso de falar que faltam recursos financeiros. Está faltando recurso mental, estamos acanhados e sem coragem de colocar as questões objetivamente", argumentou Monteiro.
Comitê de monitoramento
Para contornar as limitações do investimento público e estimular os projetos privados para a navegação fluvial, os representantes do setor vão pedir ao presidente Lula a criação de um comitê permanente de monitoramento do sistema hidroviário. Os empresários também reivindicam recursos para a navegação nos rios Tapajós e Teles Pires; pedem a conclusão da eclusa de Tucuruí, no Pará; e a ampliação do corredor Araguaia-Tocantins.

GM, 24/06/2004, p. A15

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