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Hidrovia Araguaia-Tocantins como alternativa

GM, Rede Gazeta do Brasil, p.B16
27 de Mai de 2004

Hidrovia Araguaia-Tocantins irá alavancar o agronegócio
Comissão da Câmara dos Deputados debate projeto que prevê criar a principal via de transporte do Norte e Centro-Oeste. A utilização de hidrovias no transporte de grãos tornaria o agronegócio brasileiro ainda mais competitivo no mercado mundial. Em síntese, foi o que afirmou o deputado Ronaldo Dimas (PSDB-TO), ao defender, mais uma vez, a necessidade de o País debater o uso dos recursos fluviais para o transporte da safra de grãos. Dimas participou dos debates da Comissão Geral da Câmara que discutiu a criação da Hidrovia Araguaia-Tocantins, apontada como uma das principais vias de transporte das regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil.
A comissão debateu na terça-feira, no plenário da Câmara, os principais pontos que implicam na viabilização da hidrovia, bem como as adaptações a serem feitas nos cursos dos rios para assegurar sua navegabilidade. Representantes dos governos de Mato Grosso, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Pará e Goiás, estados diretamente envolvidos no projeto, participaram dos debates.
Houve unanimidade entre os debatedores em destacar que a conclusão das obras reduzirá o custo da produção agropecuária do Centro-Oeste, barateando o produto nacional exportado e aumentando sua competitividade. A hidrovia começa na cidade mato-grossense de Nova Xavantina e segue até o município maranhense de Porto Franco, cortando os Estados de Mato Grosso, Goiás e Tocantins. No total, são 2.250 quilômetros de rios navegáveis. A hidrovia já consumiu R$ 300 milhões, porém o transporte pelo rio ainda é pouco usado, por causa das limitações existentes. Faltam R$ 256 milhões para a conclusão das obras, recursos que o governo federal promete investir.
Mercado externo
Concluída, a hidrovia será o caminho mais curto para escoar a produção até Europa e Estados Unidos. Entre as vantagens apontadas por seus defensores em relação a outras modalidades de transporte, estão menos poluição, custo mais baixo e menor impacto por uso de novas áreas. É considerada muito importante para o transporte da soja cultivada no Centro-Oeste, mas também para a diversificação da produção agrícola. Um modal de transporte mais barato viabiliza a produção de milho e de arroz irrigado, podendo incorporar 25 milhões de hectares ao sistema produtivo da região.
Élcio Ribeiro, representante da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegerais, destacou que os empresários da região não podem ficar reféns de apenas um sistema de transporte. Na mesma direção, o representante da Federação das Indústrias do Estado do Pará, Amaro Klautau, lembrou que, no Brasil, apenas 5% do transporte são feitos por meio de hidrovias, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, esse número sobe para 28%.
Segundo Klautau, além de beneficiar a economia dos estados de Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Pará e Maranhão, a hidrovia contribuiria para reduzir em cerca de 75% o custo do transporte dos produtos para o Porto de Ponta da Madeira, no Maranhão. Esse porto situa-se 2.500 quilômetros mais próximo da Europa - maior importadora da soja brasileira -, bem como dos demais países do Hemisfério Norte e da Ásia, o que reduz também o custo do transporte transoceânico.
O deputado Zé Geraldo (PT-PA) disse que a bancada do Pará decidiu lutar por recursos no Orçamento da União para viabilizar a realização de obras da hidrovia, cujo custo chega a R$ 800 milhões. Segundo especialistas, bastam pouco trabalho de dragagem, derrocamentos e sinalizações já que os dois rios são navegáveis durante oito meses do ano. Já o deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), coordenador da Frente Parlamentar da Infra-estrutura, observou que a obra deve ser debatida com toda a sociedade, considerando seu impacto ambiental.
Ronaldo Dimas classificou de equivocada a preocupação de algumas ONGs com a questão ambiental, segundo ele, envoltas em muito jogo de interesse. Dimas criticou também a idéia de se manter as populações ribeirinhas nas condições atuais, sob o pretexto de preservá-las. "Isto seria apenas mantê-las cada vez mais pobres e abandonadas", disse. "A utilização dessas hidrovias pode mudar a realidade do País em termos de competitividade no cenário internacional e, ao mesmo tempo, a realidade dessas populações. Espero que o Brasil possa acordar para o problema e utilize a hidrovia como instrumento de desenvolvimento", completou Dimas.
O deputado Raimundo Santos (PL-PA), autor do requerimento para a realização da reunião, também discorda das objeções ambientais, lembrando que os benefícios serão maiores do que algum eventual prejuízo ambiental. "Serão criados 850 mil empregos e diminui o Custo-Brasil", disse.

GM, 27/05/2004, p. B-16

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