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Hall do prédio vira banheiro

O Globo, Economia, p. 27
12 de Dez de 2007

'Hall' do prédio vira banheiro
Manifestantes furam esquema de segurança e atrasam leilão. Sete são presos

Gustavo Paul e Mônica Tavares

Mulheres e homens, com cerca de 15 crianças, furaram o esquema de segurança montado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Anel) e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) para o leilão da usina de Santo Antônio. Isso, apesar do custo de R$ 1,4 milhão do leilão, dos quais R$ 800 mil destinados à blindagem do local. Os manifestantes invadiram o hall do prédio da agência por volta das 5h20m e saíram perto das 10h, horário marcado para o início da licitação. Houve tumulto e acusação de agressão policial. Sete pessoas foram presas.
0 protesto, anunciado, reuniu representantes de Movimento de Atingidos por Barragens, Manifestantes contra a Transposição do Rio São Francisco, Comissão Pastoral da Terra, Federação Integrada do Madeira e Via Campesina. 0 prédio chegou a ficar sem luz por mais de duas horas, porque os disjuntores foram desligados, numa tentativa de esvaziar a sala.
- Queremos marcar posição contra a privatização dás águas no Brasil e abrir o diálogo com a sociedade. Está ocorrendo a desnacionalização dos nossos rios - disse Marina dos Santos, da Via Campesina.
0 bloqueio provocou um atraso de quase três horas no leilão, que começou às 12h39m. A PM, que mobilizou 220 homens, argumentou que foi surpreendida.
- Eles chegaram mais cedo do que o à esperado. 0 efetido da polícia estava aqui desde as 5h30m, mas não em número suficiente para evitar a invasão. A maior parte da tropa chegou às 7h20m - disse o coronel Luís Renato Fernandes Rodrigues, da PM do Distrito Federal.
Segundo a PM, havia 80 manifestantes. Para os organizadores do protesto, eram 300. Entre os presos, havia uma mulher com o filho de 6 anos.
Os manifestantes - que carregavam grande quantidade de água e pão - deixaram o prédio da Aneel imundo. Eles usaram uma sala do hall do prédio como banheiro, onde urinaram e defecaram, rasgaram cartazes e picharam paredes.
A polícia negou que tenha havido violência e assegurou que tentou negociar. A tropa de choque, com 75 homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope), fez um círculo ao redor dos manifestantes e um "arrastão". Na saída, eles foram empurrados, mas mantiveram o brado de "o povo unido jamais será vencido".

O Globo, 11/12/2007, Economia, p. 27

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