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Habitantes de Maldivas planejam se mudar

OESP, Internacional, p. A13
12 de Nov de 2008

Habitantes de Maldivas planejam se mudar
Ameaça do aquecimento global ao arquipélago leva seus 300 mil habitantes a estudar transferir a nação para outro lugar

Jon Henley, The Guardian

O que você faria se fosse o presidente recém-eleito de um pequeno país, relativamente pobre, cuja fama - garantida pelas suas praias, algumas das mais belas do mundo - deve-se também ao fato de que tem sido engolido lentamente pelo oceano?

Obviamente, não perderia tempo lembrando isso ao mundo. E para enfatizar a urgência do problema, faria o espantoso anúncio de que estuda seriamente a possibilidade de transferir toda a nação para algum outro lugar.

Pelo menos, foi o que fez, nesta semana, Mohammed Nasheed, o primeiro presidente das Ilhas Maldivas eleito democraticamente.

Seu plano é começar a reservar uma parte da generosa receita proporcionada pelo turismo em seu país para criar um fundo destinado à compra de terras.

"Não podemos fazer nada para deter, por nossa conta, a mudança climática, por isso precisamos comprar terras em outro lugar. É uma apólice de seguro antevendo o pior futuro possível", afirmou às vésperas de sua posse.

"Não queremos deixar as Maldivas, mas também não queremos nos tornar refugiados do clima e morar em barracas durante décadas."

A idéia é intrigante, e ao mesmo tempo profundamente deprimente: é a primeira nação do mundo obrigada a abandonar sua pátria em conseqüência do aquecimento global e da constante elevação do nível do mar. Nasheed fala basicamente em transferir os 300 mil habitantes das Maldivas para a Índia, o Sri Lanka, ou, possivelmente, a Austrália.

Mas mesmo que esta triste perspectiva fosse aceita, seria concretamente viável? Seria possível transferir todo um povo para um novo país, erguer casas e ali retomar a própria vida como se nada tivesse acontecido, à parte o desafortunado desaparecimento de sua pátria de origem? O consenso geral é de que isso não seria possível. "Para um Estado, enquanto tal, a mudança seria muito difícil", afirma Graham Price, diretor do programa para a Ásia do Royal Institute of International Affairs.

"Evidentemente, poderão existir migrações, até mesmo de um número muito grande de pessoas. Mas, neste caso, existem enormes problemas de jurisdição, questões de soberania", disse. Além disso, é um problema concreto, um problema ao qual deveremos nos acostumar. Queremos permanecer unidos, não queremos perder a nossa cultura. Não é por nossa culpa se isto está acontecendo".

OESP, 12/11/2008, Internacional, p. A13

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