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"Há tempos estamos registrando esses altos números de mortalidade na infância, mas não adianta nada"

Revista CRESCER (São Paulo - SP) - www.revistacrescer.globo.com
Autor: Maria Clara Vieira
03 de Nov de 2015

"Nós constatamos que, no ano passado, houve um aumento muito grande de mortalidade na infância (de 0 a 5 anos). O povo ianomâmi e o povo xavante são os que mais sofrem. No caso dos ianomâmis, há o grave aumento de invasões na área, sobretudo de garimpeiros ilegais. Toda vez que cresce o garimpo ilegal numa área indígena, há mais doenças - e as crianças são as mais afetadas.

Já, com os xavantes, percebemos que a mortalidade de crianças é grande em áreas onde o sistema de saúde indígena ainda não foi muito bem acertado, como é o caso da região de Campinápolis [que tem 6.774 pessoas]. Conforme o serviço de saúde fica descoberto, as crianças se tornam mais vulneráveis às doenças.

Essa região dos xavantes é muito remota e complicada, por conta dos fazendeiros, que invadem as terras indígenas para estabelecer suas fazendas. Então os indígenas ficam sitiados ali.

Não ter produção própria de alimentos também é um problema, porque, com isso, vem a subnutrição, que provoca diarreia e pode se desdobrar para a desidratação.

Há tempos estamos registrando esses números de mortalidade na infância. A gente denuncia, fala, esperneia e não adianta nada. Ninguém está comovido e ninguém se sente responsável.

Há quem acredite que os responsáveis pela situação são os próprios indígenas. É muita hipocrisia."

Lúcia Rangel é assessora antropológica do Conselho indigenista Missionário (Cimi) e coordenadora do relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil - dados de 2014.

http://revistacrescer.globo.com/A-mortalidade-das-criancas-indigenas/no…

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