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Há 842 milhões de famintos, calcula a ONU

OESP, Geral, p. A12
15 de Out de 2004

Há 842 milhões de famintos, calcula a ONU
Relator das Nações Unidas acredita que o mundo está perdendo a guerra contra a fome

Apesar dos apelos feitos pelo presidente Lula aos líderes mundiais para combater a fome, o problema avança de forma preocupante.
Existem 842 milhões de pessoas em condições de subnutrição permanente no mundo. Em um relatório que será apresentado aos governos na próxima semana em Nova Iorque, as Nações Unidas indicam que a comunidade internacional está "perdendo a guerra contra a fome".
O relatório não faz qualquer referência à campanha internacional de Lula, mas o autor do documento, o suíço Jean Ziegler, afirma que a mobilização mundial "é a única saída para resolver o problema da fome".
O relatório marca o Dia Internacional da Alimentação, que será comemorado amanhã. Os dados mais recentes usados no documento são os que a FAO já publicou em 2003 e que mostram a existência de 842 milhões de pessoas subnutridas no mundo. Há dois anos, esse número era de 840 milhões e, em 1995, o número de famintos era de 826 milhões. Para o relatório da ONU, a mensagem do relatório é clara: a fome está aumentando e vai matar mais que todas as guerras em 2004. "A comunidade internacional está fracassando", afirmou Ziegler, que ocupa o posto de relator especial da ONU para o Direito à Alimentação.
Segundo ele, os governos não cumprem suas próprias promessas feitas em 1996 de cortar pela metade a fome no mundo até 2015. "Desde 1996 até hoje, a fome só aumentou. Não apenas não há progresso na luta contra o problema, mas há um verdadeiro retrocesso", alertou o especialista. O documento da ONU lembra que o mundo conta com alimentos em quantidade suficiente para nutrir duas vezes a população da Terra. Mesmo assim, uma criança com menos de 5 anos morre a cada 5 segundos no planeta por doenças relacionadas à falta de alimento.
No caso do Brasil, o relatório apenas aponta que acompanha as "iniciativas positivas" do governo, elogia a criação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) e destaca a proposta de haver uma lei que garanta o direito à alimentação.
Quanto às ações globais, o relatório pede que governos cumpram seus compromissos feitos em 1996 e que aceitem a proposta de que a FAO estabeleça orientações para os países em termos de direito à alimentação. O documento da ONU destaca a posição do Brasil nessas conversações na FAO, mas Ziegler acusa os EUA de estarem tentar minar a criação dessas orientações. Na avaliação do suíço, a iniciativa da FAO é relevante, já que não se pode deixar que o mercado resolva o problema da fome.
O documento dedica parte de sua análise a situações concretas de crise.
Segundo a ONU, a fome tem piorado em países como Indonésia, Nigéria e Índia, sociedades que haviam começado a mostrar progressos nos últimos anos. Na China, depois de bons resultados no final dos anos 90, os progressos estão sendo mais lentos no combate à fome.

OESP, 15/10/2004, Geral, p. A12

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