Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
05 de Dez de 2002
No entendimento de Gursen de Miranda, ainda há tempo de se promover um amplo debate entre os setores interessados sobre a demarcação da reserva Raposa/Serra do Sol. Alega a existência de situações concretas registradas pelo então ministro da Justiça, Nelson Jobim. Outro ponto positivo seria a manifestação do secretário nacional de organização partidária do PT, Sílvio Pereira, apontando nesta direção.
O professor recorda que quando Jobim esteve em Roraima constatou que os profissionais responsáveis pelos laudos da Funai não citaram a existência de vilas, afirmando serem estas acampamentos de garimpeiros. "E não se pode abstrair o fato histórico de manutenção das fronteiras".
Gursen De Miranda acredita que uma verificação sobre os primeiros laudos antropológicos sobre a região também pode ser uma solução. "A contínua ampliação das reservas indica a falta de segurança neste país. Em termos jurídicos, um dos elementos garantidores da sociedade é a segurança e as normas jurídicas existem para isso".
De acordo com ele, mantido o sistema de insegurança sobre a propriedade ninguém investirá porque a qualquer momento poderá ser surpreendido por um pedido de ampliação de reserva. "Que irresponsabilidade é essa? Isso gera insegurança e nenhuma sociedade pode viver sem segurança jurídica. Se não houver segurança jurídica, as pessoas não poderão trabalhar. Caso este processo insano continue, é melhor acabar com o Estado de Roraima", frisou Gursen.
NOVO TEMPO - Para ele, as declarações de Sílvio Pereira sinalizam o novo governo com a chegada de ventos democráticos. Todavia, entende que o atual governador do Estado esteja em sintonia com o discurso, o que não aconteceu há pouco tempo. "Neste caso, não vejo nada mais democrático e transparente do que um plebiscito para saber se deve ou não haver convivência entre índios e não índios, se há ou não necessidade de área contínua", sugeriu.
Sobre as declarações do secretário do PT entende como louváveis. "Nada avançará neste país sem amplas discussões. Decisões de alta relevância não podem ser tomadas com base na opinião de tecnocratas que nunca conviveram e desconhecem a realidade da Amazônia. Normalmente, eles não escutam o povo amazônida e nos olham como se fossemos mais um animal exótico", disse Gursen.
"Numa discussão séria, os laudos que sustentaram a Raposa/Serra do Sol são contestáveis. É preciso o interesse liderado pelo governador, baseado em avaliação séria, sem qualquer concepção discriminatória em relação aos índios, para, sem conflito, ser concebido o espaço fundiário do Estado de Roraima", complementou
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