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Guatós cobram pedágio no Pantanal

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Otávio Neto
25 de Abr de 2002

A denúncia foi feita pelos empresários de turismo do município que estão recebendo ameaças e temem pela segurança de suas embarcações

Indios da tribo dos Guató estão cobrando pedágio das embarcações de pesca no Pantanal. A denúncia foi feita pelos empresários de turismo de Corumbá que estão recebendo ameaças e temem pela segurança de suas embarcações e dos turistas. Segundo eles, caso não paguem a tarifa que pode chegar a R$ 500 por viagem para que o barco possa navegar na área da reserva destinada aos Guatós, os índios ameaçam atacar e saquear as embarcações.

A área da reserva indígena destinada aos índios Guatós fica na Ilha de Ínsua, tem cerca de 9,5 hectares e fica situada A ilha de Ínsua fica distante de Corumbá cerca de 250 quilômetros rio acima e é dominada por eles - os índios canoeiros - há mais de 100 anos. De acordo com o que foi apurado pelo Correio do Estado, o cacique Severo Ferreira, que comanda na Ilha uma comunidade de cerca de 80 pessoas, decidiu iniciar a cobrança do pedágio por conta própria e baseado na lei 6001/73 que veda a entrada de pessoas estranhas aos grupos tribais ou comunidades indígenas em áreas destinadas aos índios. Mas de acordo com os empresários a lei é omissa em relação aos rios e canais que circundam essas áreas e não se sabe se eles também são de utilização exclusiva dos índios ou não.

No caso do Rio Paraguai, que é federal e de navegabilidade internacional, a situação fica ainda mais complicada. O problema do pedágio se agravou no início deste mês, quando um dos barcos de pesca foi abordado por vários índios que a bordo de canoas motorizadas exigiram o pagamento do pedágio. A denúncia é de que eles estavam armados e bastante nervosos. O fato causou preocupação.

Outra embarcação que também foi abordada acabou sendo liberada depois de negociações entre a tripulação e o cacique. O pedágio no Pantanal estipulado pelos Guatós vem causando preocupação às pessoas que vivem do setor pesqueiro da região.

Mobilização

Para tentar resolver a situação, a Associação dos Empresários Regionais de Turismo se reuniu com representantes da Administração Executiva Regional da Funai, em Mato Grosso do Sul, mas não avançou na questão. Os representantes da Fundação Nacional do Índio disseram que não sabiam do problema e que não se responsabilizam por quaisquer problemas causados pelos índios a terceiros por causa da cobrança do pedágio.

A Funai ainda determinou que os empresários são considerados invasores caso não portem na embarcação uma autorização formal e por escrita do órgão para cruzar a área dos Guatós. A entidade alegou não ter ainda nenhuma alternativa que possa solucionar a questão do pedágio na área indígena e recomendou que empresários e caciques se entendam.

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