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Guarujá pode ganhar parque ecológico

JT, Cidade, p. A10
16 de Ago de 2004

Guarujá pode ganhar parque ecológico
Moradores da zona leste do município do litoral se uniram para transformar uma reserva de Mata Atlântica, na Serra do Guararu, em parque. O projeto já está pronto, mas depende de aprovação

Aryane Cararo

Imagine um parque de Mata Atlântica onde você possa percorrer trilhas com as mais variadas dificuldades, atravessar pontes penseis de madeira, ao estilo "Indiana Jones", praticar a pesca esportiva e ainda, se tiver sorte, se deparar com bichos-preguiça, macacos, cotias, esquilos e várias espécies de pássaros. E tudo isso a 87 quilômetros da Cidade de São Paulo. Pois um grupo de moradores da zona leste de Guarujá pensa na idéia e quer criar o Parque Ecológico Serra do Guararu.
O projeto será apresentado nesta quarta-feira à Prefeitura de Guarujá. A idéia é que em 2007 a estrutura física do parque, de iniciativa privada, comece a ser construída. Com isso, eles pretendem preservar uma área na qual possuem propriedades, evitar a ocupação irregular dos mangues e criar uma alternativa de desenvolvimento sustentável da região. "Vai ser uma atração internacional. Quem é que não gostaria de ver passarinho da Mata Atlântica?", empolga-se Armando Conde, presidente da Associação de Desenvolvimento do Leste de Guarujá (Adelg), que apresenta o projeto de ecoturismo.
Se concretizado, terá parque infantil com gangorras, cavernas e labirintos com concepção ecológica (madeira, pedras, terra), locação de equipamentos esportivos, torres de observação interligadas por passarelas de corda, salas para exposições e espetáculos, auditório, museu interativo da Mata Atlântica, centro de pesquisas, viveiro, centro de coleta seletiva e heliponto. A intenção é atrair estudantes que terão aulas sobre Mata Atlântica, professores para serem capacitados em educação ambiental, pesquisadores e turistas.
Trilhas e esportes serão as atrações
Como atividade, vai oferecer trilhas interpretativas, com placas indicando espécies da flora, trilha suspensa sobre o mangue e a floresta, pesca esportiva, esportes e passeios náuticos, ciclismo, cavalgada, arco e flecha, Clube de Observadores de Aves, Clube de Escotismo, Clube de Fotografia, com espaço para cursos e uma visita às ruínas do Forte de São Filipe, do século XVI. E ainda estrutura de estacionamento, alimentação, hospedagem (pousadas) atendimento médico, lojas de souvenirs e artigos de conveniência (filmes fotográficos, revistas, livros, etc.).
"Pode ser o princípio de um processo que vai mudar Guarujá", diz Conde. Ele explica que, além de ser uma opção de lazer para os moradores, trará empregos e movimento a hotéis, restaurantes e comércio.
Mas tudo ainda está muito no campo das idéias. Mesmo a área do parque ainda não foi definida: a princípio terá 6 milhões de m2, mas pode vir a ter até 17 milhões, que é a área verde total. A intenção é que seja delimitado pela Rodovia Ariovaldo de Almeida Viana, a SP-61 (ao norte), a Praia do Perequê (ao sul), os condomínios associados a Adelg (ao leste) e as ruínas do sítio arqueológico São Filipe (a oeste).
O processo é longo e incerto, pois há uma ação do Ministério Público que impede qualquer intervenção na Serra do Guararu - e todo o projeto terá de ser aprovado pelo Ibama.
Por enquanto, seis proprietários de terras nessa área estão criando uma Reserva Privada de Patrimônio Natural RPPN nesta área de 6 milhões de m2 - são 24 proprietários ao todo. Feito isso, devem contratar um profissional para desenvolver um plano de manejo do parque, que dirá o que será possível, de fato, construir lá. Este plano passará pelo crivo do Ibama.
Então, será a vez de angariar recursos para o projeto que, a essa altura, já terá consumido R$ 2,5 milhões. Lourival do Valle Giuliano, secretário executivo da Adelg, aponta uma das soluções: empresas que tenham cometido algum dano ambiental e que tenham sido obrigadas a reparar o prejuízo com benfeitorias em prol da natureza. Cerca de 70 empresas, entre nacionais e multinacionais, estariam nessas condições.

JT, 16/08/2004, Cidade, p. A10

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