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Grupos de pesquisa se unem para salvar o pau-brasil da extinção

Tribuna de Imprensa-Rio de Janeiro-RJ
13 de Mar de 2003

A madeira símbolo do Brasil corre sério risco de extinção, após cinco séculos de exploração predatória ininterrupta. O pau-brasil ("Caesalpinia echinata") ainda hoje é derrubado e comercializado, apesar de sua ocorrência natural ter se tornado rara nos últimos remanescentes de Mata Atlântica e a despeito da proibição legal de corte.

Para reverter esta situação, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) promove o simpósio "Pau-Brasil, Ciência e Arte", até amanhã, em São Paulo. O evento reúne os diversos grupos de pesquisa, que já trabalham com a espécie no Brasil, e os fabricantes de instrumentos musicais - arcos de violino, em especial - feitos com a madeira.

"O objetivo é levantar o máximo de informações possíveis sobre o pau-brasil: tecnologias de plantio, características físico-químicas, diversidade genética, tudo o que possa nos ajudar a encontrar alternativas para diminuir a pressão sobre as árvores nativas que ainda restam, e iniciar o plantio comercial e exploração racional", explica a botânica Rita de Cássia Figueiredo Ribeiro, coordenadora do projeto de pesquisa financiado pela Fapesp.

Iniciado em 2001 com previsão para terminar em 2004, com recursos de R$ 500 mil para o período, o projeto deve resultar em uma publicação científica reunindo todo este conhecimento. Até o lançamento desse livro, no segundo semestre do ano que vem, parte das informações ficará disponível em um banco de dados virtual que já está funcionando, hospedado no site da Sociedade Botânica de São Paulo (www.botanicasp.org.br).
A pesquisa da própria Rita de Cássia, no Instituto de Botânica de São Paulo, é uma das contribuições importantes para o plantio comercial de pau-brasil. Ao estudar o metabolismo de carboidratos das sementes da espécie, ela verificou que o armazenamento em câmaras frias, a 8 graus centígrados, pode estender de 3 para 18 meses o tempo em que as sementes permanecem ativas, mantendo um percentual de germinação de cerca de 80%, quase igual à condição natural das matas.

Informações semelhantes foram obtidas por outros grupos de pesquisa, do Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia, sobretudo, e junto com o conhecimento dos usuários da madeira ajudarão a incentivar o cultivo do pau-brasil.

"Os fabricantes de arcos de violino, hoje um dos usos comerciais mais importantes do pau-brasil, sabem se um pedaço de madeira dará um bom instrumento só de examiná-lo subjetivamente, antes mesmo de fabricar o arco", conta Márcia Braga, também do Instituto de Botânica de São Paulo, organizadora do simpósio, do qual participam 150 pesquisadores e arqueteiros (fabricantes de arcos de violino).

"Por isso é importante este intercâmbio de informações: para promover as características físico-químicas desejáveis, que devem orientar a seleção das melhores árvores do ponto de vista genético, para o uso comercial a que elas se destinam".

Atualmente existem alguns plantios comerciais de pau-brasil para abastecer o mercado de instrumentos musicais. Mas muita madeira ainda é retirada ilegalmente de matas nativas e contrabandeada para a Europa e Japão.

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