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Grupo Yanomami quer expulsar fazendeiros

Conselho Indigena de Roraima
05 de Jun de 2001

Cansados de esperar providencias da Funai e Policia Federal, um grupo de 143 Yanomami reuniu-se na aldeia Yawaripe (regiao de Ajarani I), nos dias 1o e 2 de junho, com o objetivo de discutir a retirada de 10 posseiros que persistem invadindo a area Yanomami, nas duas margens da BR-210 (Perimetral
Norte), numa extensao de 10 quilometros a partir do igarape do Trinta ate o rio Repartimento.

Armados com bordunas, arcos e flechas, e pintados para a guerra, os Yanomami queriam por conta propria expulsar os invasores. Presente na reuniao, o representante da administracao regional da Funai, Manuel Reginaldo Tavares,
conseguiu evitar o confronto direto do grupo com os posseiros. Mas o recado a Funai foi claro: esta e a ultima vez que encaminharemos documento. Sera que vamos ter que fazer documento todo dia? A Funai esquece nosso documento,
joga fora., disse Marino Yanomami, um dos lideres da regiao.
Tavares argumentou que desde 1994 a Funai entrou com 10 acoes na Justica requerendo a indenizacao e retirada dos posseiros, mas a burocracia da
Justica brasileira atrasa o desfecho dos processos. Todo lugar que a gente vai e para defender os direitos dos Yanomami, mas o mundo do branco e muito
devagar, e como uma preguica, tem muito papel, explicou.
O representante da Funai demonstrou preocupacao, pois a reacao do grupo podera levar a uma situacao conflitante, onde os indios serao as principais
vitimas. Os Yanomami chegaram ao limite da tolerancia. Eles nao aceitam mais queimadas, doencas levadas pelos brancos, poluicao dos rios, disseminacao de bebida alcoolica e exploracao da mao de obra indigena, completou Tavares.

O vice-coordenador do Conselho Indigena de Roraima CIR, Noberto Cruz, participou da reuniao. Ele declarou apoio a qualquer acao que os Yanomami venham a promover, e comprometeu-se a cobrar agilidade da Funai e Policia
Federal para retirada dos fazendeiros.
Ao final da reuniao os participantes elaboraram documento a Funai, Ministerio Publico Federal, Presidencia da Republica, Ministerio da Justica, Ibama e Comissao de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Uma comissao
formada por cinco Yanomami esta em Boa Vista para pressionar as autoridades competentes a tomarem as providencias cabiveis.

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