VOLTAR

Grupo vai negociar com índios no Pará

O Globo-Rio de Janeiro-RJ
15 de Mai de 2002

A Polícia Federal e o Ministério Público mandaram ontem um grupo de agentes e procuradores ao município de Jacareacanga, no sudoeste do Pará, para tentar negociar a libertação de três funcionários da Funai, mantidos reféns pelos índios munducurus desde o dia 9. Os índios construíram uma gaiola na aldeia Saicinzas e ameaçam prender os funcionários dentro dela se um grupo de garimpeiros instalado na reserva não for retirado.

Ivonildo Viana Rocha, da Funai de Itaituba; Osvaldo Pinto, consultor de assuntos fundiários da fundação, e Wagner Tran, coordenador de proteção das terras indígenas, foram aprisionados pelos índios depois de chegarem à reserva para tentar acalmar a situação.

Uma decisão da Justiça Federal, na semana passada, já estabelecia a retirada dos cerca de 300 garimpeiros que trabalham nas terras indígenas. Foi feito um acordo com o Incra para que eles sejam recolocados em dois assentamentos em Santarém, mas até agora a Funai não iniciou a retirada dos garimpeiros.

A situação ficou mais tensa depois que, há cerca de dois meses, 200 invasores se instalaram na aldeia. A Funai desconfia que os invasores estão atrás de mogno e outras madeiras nobres. Já houve dois conflitos, em que um dos invasores morreu e os garimpeiros tiveram as casas destruídas.

A tensão aumentou porque os índios afirmam que a manutenção dos garimpeiros na reserva atrai também os invasores e acusam a Funai de não agir. Uma das razões seria o acordo feito com o governo para que o Departamento Nacional de Produção Mineral e a PF fechassem a mina de ouro explorada pelos garimpeiros.

O uso de mercúrio na extração do metal contamina a água usada pelos índios inclusive para beber. Até agora, no entanto, a Funai não havia avisado nem ao DNPM nem a PF sobre a necessidade de fechar a mina.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.