VOLTAR

Grupo móvel resgata 820 índios em situação degradante no Mato Grosso do Sul

Procuradoria Regional do Trabalho
21 de Nov de 2007

O grupo móvel de fiscalização do trabalho escravo encontrou 820 indígenas em condições de trabalho degradantes e alojados de forma precária numa propriedade da Companhia Brasileira de Açúcar e Álcool (Agrisul), em Brasilândia, município localizado a aproximadamente 400 quilômetros de Campo Grande (MS).

O grupo foi encontrado em alojamentos superlotados, sem condições de higiene e conforto, com muito lixo, moscas, insetos, restos de comida espalhados pelo chão e esgoto a céu aberto. Os banheiros usados pelos trabalhadores também não apresentavam condições sanitárias básicas.

O procurador do Trabalho e vice-coordenador nacional de combate ao trabalho escravo, Jonas Ratier Moreno, esteve no local e classificou a situação dos trabalhadores como extremamente degradante. "Já vi muitas fotos de presídios que tinham condições melhores do que as encontradas lá", afirmou.

A fiscalização também constatou atraso no pagamento de salários e no depósito do FGTS dos trabalhadores, que também reclamaram da falta de água. O transporte, além de precário, era realizado por veículos sem autorização e os trabalhadores eram obrigados a pagar pela comida, além de comprar garrafas de água, talheres, papel higiênico e outros produtos de higiene pessoal.

As frentes de trabalho não possuíam abrigos para repouso e refeição, enquanto na área industrial foi identificado excesso de vazamento nas tubulações, alto nível de ruído e presença de bagaços de cana livres no ar (situação que pode provocar doença respiratória conhecida como "bagaçose"), além da falta de sistema de combate a incêndio, entre outras irregularidades.

De acordo com a fiscalização, essa é uma das piores condições de trabalho já encontradas em canaviais. Os auditores interditaram os alojamentos e as frentes de trabalho por falta de instalações sanitárias e de reposição de água potável.

Todos os trabalhadores serão retirados da fazenda, que terá de pagar os direitos trabalhistas devidos, além de ser autuada por manter trabalhadores em condições desumanas de trabalho. A previsão é a de que o pagamento comece a ser feito hoje (21). O grupo móvel de fiscalização é composto por auditores fiscais do Trabalho, procuradores do Ministério Público do Trabalho e agentes da Polícia Federal.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.