VOLTAR

Grupo de pesquisa da UFPA prepara dicionário indígena

O Liberal-Belém-PA
06 de Abr de 2005

A produção de dicionários bilíngües para preservar as línguas indígenas amazônicas ameaçadas de desaparecer é a nova missão do Grupo de Pesquisa de Línguas Indígenas da Universidade Federal do Pará (UFPA), que lançou ontem uma nova fase do projeto "Documentação, descrição e preservação de línguas indígenas amazônicas ameaçadas de extinção". Depois de estudar por até dez anos algumas das línguas onde o número de falantes é cada vez menor, o grupo vai organizar o conteúdo dos dicionário para os idiomas Anambé, Apurinã, Makurap, Parkatêjê e Xipaya, e um vocabulário semântico bilíngüe para a língua Asuriní do Xingu. O resultado do trabalho, que deverá estar pronto e editado em 15 meses, tem apoio do Ministério da Cultura e patrocínio da Petrobrás.

No lançamento do projeto, ontem à tarde, no auditório do Centro de Letras e Artes da UFPA, a professora Carmen Lúcia Rodrigues, coordenadora do projeto, destacou o risco de extinção das línguas em estudo, que têm um reduzido número de falantes e podem desaparecer rapidamente, sendo que a situação mais crítica encontra-se com as línguas Xipaya, que tem apenas três falantes em comunidades de Altamira, oeste paraense; a Anambé, com cinco falantes na região de Moju; a Makurap, com 40 falantes. Entre as demais línguas estudadas - Apurinã, Assurini do Xingu e Parkatêjê - está última é a que tem o maior número de falantes, cerca de 400 pessoas, mas mesmo assim corre risco de extinção se não houver registro adequado a tempo.

De acordo com o professor Sidney Facundes, que integra o projeto, o estudo tem dois objetivos maiores, o primeiro do ponto de vista científico, de fazer um registro cultural de manifestações tão importantes quanto as línguas indígenas, e o segundo, de caráter prático, promovendo a utilização dos materiais produzidos em projetos educativos para incentivar o uso dessas línguas e a sua manutenção nas comunidades onde estão os poucos falantes ou seus descendentes. "Pelo risco que algumas dessas linguagens têm de desaparecer, temos urgência em registrar, documentar e difundir o seu conhecimento, sem o qual a sua preservação torna-se muito mais difícil", explicou.

Facundes, que é responsável pelo dicionário Apurinã, em conjunto com a graduanda Ana Paula Brandão, ressalta que a produção de dicionários e do vocabulário semântico que resultará desse projeto contribuirá para a documentação e preservação do patrimônio lingüístico e sociocultural das etnias estudadas.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.