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Grileiros invadem e ameaçam índios no sul do Amazonas e Funai pede Força de Segurança

A Crítica (AM) - http://acritica.uol.com.br/
Autor: Elaíze Farias
15 de Ago de 2011

A pressão de invasores e grileiros na Terra Indígena (TI) do povo tenharim, no sul do Amazonas, vem aumentando nos últimos dois anos e se agravou mais ainda nas últimas semanas. As ameaças contra a vida dos indígenas também passaram a ser freqüentes e deixaram se der veladas.

A denúncia é de um servidor do posto da coordenação regional do Madeira da Fundação Nacional do Índio (Funai) localizado no município de Humaitá (a 591 quilômetros de Manaus), que na semana passada também sofreu ameaças de madeireiros residentes no distrito de Santo Antônio do Matupi, em Manicoré (a 332 quilômetros de Manaus), vizinha de Humaitá. O servidor está orientado pela Funai a não se identificar por medida de segurança.

Segundo o servidor, a situação está tão crítica e preocupante que a coordenação da Funai em Humaitá vai solicitar da presidência do órgão a presença da Força Nacional para a área. O pedido será realizado nesta semana pelo coordenador do posto, Valmir Parintintin, que está em Brasília.

Vulneráveis

Na semana passada, o servidor junto com outros funcionários da Funai, identificou dois quilômetros de terra desmatada na Gleba B e Sepoti, uma das quatro áreas que compõem a TI dos índios tenharim. Dentro da TI Tenharim também foi encontrado um acampamento contendo vários maquinários, como trator, motosserras, além de armas, automóveis e motos.

A terra indígena dos Tenharim é homologada pela Funai e está localizada em uma das áreas de maior pressão por parte de grileiros do sul do Amazonas. Seus 1.309 hectares são praticamente cercados por áreas da União invadidas.

As duas áreas mais vulneráveis são justamente a Gleba B e a Sapoti, onde vivem os indígenas constantemente ameaçados, segundo o funcionário da Funai. As outras duas áreas são Igarapé-Preto e Tenharim-Marcelo. A população de índios tenharim é de 2,5 mil pessoas.

Conforme o funcionário da Funai, a maioria dos grileiros é "uma máfia de madeireiros" que se deslocou de Rondônia após ações contra invasão em terras daquele Estado.

"Eles (grileiros) armaram uma barreira no limite da terra indígena dos tenharim e estão fazendo ameaças graves e diretas contra os índios. Essa situação sempre existiu, mas ultimamente a situação se agravou. Os índios estão com medo porque consideram essas pessoas perigosas. Eu e nossos colegas estamos receosos também", afirmou.

Acampamento

Na última sexta-feira (13), dois servidores da Funai foram ameaçados por aproximadamente 180 madeireiros de Santo Antônio do Matupi, área conhecida também como "180" (em referência ao quilômetro 180 da rodovia Transamazônica).

"Os indígenas vinham denunciando a invasão de suas terras e fomos fiscalizar a área. Durante a vistoria encontramos maquinário dos madeireiros na terra indígena. Outros maquinários estavam nas proximidades da TI. A gente manteve a guarda no local. No dia seguinte, quando os equipamentos seriam apreendidos, 180 pessoas cercaram a gente e disseram que ninguém iria sair dali", relata o servidor.

Segundo o funcionário, os donos dos equipamentos impediram que os objetos fossem retirados e ameaçaram funcionários da Funai e do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) que também realizavam operação na área, fora da terra indígena.

Apreensão

Depois de um impasse para dar um destino aos equipamentos, foram apreendidas duas motos e um trator, que se encontram neste momento na sede do posto da Funai, em Humaitá.

O restante dos equipamentos (dois tratores e 165 metros cúbicos de madeira em tora) foi recolhido na sede da Associação dos Produtores Rurais de Santo Antônio do Matupi, que atuará como fiel depositório, segundo o superintendente do Ibama, Mário Lúcio Reis.

Segundo o superintendente, a associação não tem vínculo com os madeireiros flagrados desmatando a terra indígena. "O Ibama não tem estrutura para retirar da área. A associação se dispôs a ficar como fiel depositário. Mas o maquinário não poderá ser utilizado até que o processo seja instruído e julgado", disse.

Conforme Reis, apenas uma pessoa foi autuada como autora do desmatamento. Ele disse ainda que não há relatos por parte do Ibama em Humaitá de que tenha ocorrido conflitos entre funcionários do órgão e os madeireiros.

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