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Greve do Ibama provoca prejuízos ao setor madeireiro

O Liberal-Belém-PA
Autor: José Ibanês
12 de Nov de 2003

A greve dos servidores do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) vem causando grandes prejuízos às empresas madeireiras de Santarém e da região. O presidente da Associação das Indústrias Madeireiras de Santarém (Assimas), Aldir Geovani Schmitt, disse que a paralisação dos servidores daquele órgão já obrigou a suspensão da viagem de um navio cargueiro que embarcaria a madeira estocada no cais do porto de Santarém, esta semana, agravando ainda mais o cronograma de liberação dos projetos de manejo das empresas.

O navio Splendor, que atracou anteontem no cais das Docas do Pará deveria ter chegado há 15 dias para levar a madeira já liberada para embarque. O processo de exportação envolve, dentre outros órgãos, a CDP, o Ibama e a Receita Federal, que só libera o embarque com o aval do Ibama. O presidente da Assimas alertou que a falta de liberação dos projetos de manejo em consequência da greve e da falta de estrutura da Gerência Regional do Ibama em Santarém poderá comprometer o orçamento das empresas que ficarão sem condições de pagar os salários do final do ano, sendo obrigadas a demitir além das previsões.

Atualmente, está ocorrendo em média uma demissão por dia no setor, que emprega diretamente 2.200 pessoas. "Isso não deveria estar ocorrendo, pois nesta época do ano, as indústrias costumam contratar mão de obra", observou Aldir.

Homologação - No Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Madeireiras de Santarém é possível verificar o reflexo dessa situação, onde o presidente Eduardo Sousa dos Santos confirmou a média de uma homologação por dia feita naquela sede. "O setor, considerado o que mais produz emprego e renda no Pará, está dispensando um trabalhador por dia, o que é muito ruim para a nossa categoria trabalhadora, formada em sua maioria por pessoas com pouca ou nenhuma instrução, motivando o aumento do desemprego na cidade", observou Eduardo. Ele disse que o Sindicato dos Trabalhadores está trabalhando em parceria com as empresas no sentido de evitar o pior, que seria a demissão de 50 por cento dos trabalhadores, deixando mais de mil chefes de família desempregados no período de fevereiro a junho do ano que vem. Segundo ele, não houve demissões em outubro por conta de um acordo com a gerência do Ibama de Santarém para que fosse liberado pelo menos um projeto de manejo para cada empresa. "Mas, em novembro, o processo de dispensa foi retomado e nós estamos muito preocupados com isso", disse Eduardo, acrescentando que é necessário um trabalho conjunto para dar estabilidade às empresas, através da liberação de projetos de manejo para serem executados em até 25 anos.

O presidente da Assimas, Aldir Schmitt, considerou que as negociações com o Ibama para liberação dos projetos de manejo começam a melhorar, "embora ainda não tenha sido oferecida a cura para a doença que atinge o setor". Para ele, a Gerência Regional de Santarém foi criada no papel mas ainda não foi oferecida estrutura suficiente para o seu funcionamento. Ano passado, segundo ele, foi oferecido um remédio através de uma força-tarefa que não conseguiu liberar todos os projetos a tempo.

Este ano, o esforço concentrado do Ibama nesse sentido também chegou tarde, prejudicando o trabalho das empresas. O representante das empresas madeireiras acredita na necessidade de contratação de procuradores jurídicos que possam residir em Santarém e atuar em período integral para atender a demanda. Para ele, essa seria uma medida de extrema importância para desenvolver novos projetos de manejo na região, considerados por ele ecologicamente corretos.

Em assembléia realizada ontem na sede da Associação dos Servidores do Ibama, o funcionários do órgão decidiram continuar a paralisação iniciada na última quinta-feira, pedindo melhorias salariais e melhores condições de trabalho na Gerência Regional de Santarém, implantada ano passado sem estrutura de funcionamento para atender a demanda regional.

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