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Greenpeace denuncia extração ilegal de madeira em reserva do Xingu

Agência Folha -Belém-PA
24 de Out de 2001

O Greenpeace denunciou nesta quarta-feira, em Belém, que cinco empresas estão extraindo madeira ilegalmente na reserva indígena do Xingu, no sul do Pará. A área que estaria sendo devastada possui 8,3 milhões de hectares e equivale a duas vezes o Estado do Rio de Janeiro.

Segundo o Greenpeace, são extraídas anualmente cerca de 30 milhões de metros cúbicos de madeira da Amazônia e apenas 14% dessa quantidade têm origem legal. Os ambientalistas da organização informaram que a madeira que sai das reservas indígenas são extraídas com a conivência dos próprios índios.

"Apesar de ser uma prática ilegal, alguns grupos indígenas, incluindo membros dos caiapós, permitem o acesso dos madeireiros às suas terras em troca de escassos pagamentos", diz um trecho do relatório da organização.

O mogno, que é a madeira mais nobre da Amazônia, é a que mais vem sendo retirada ilegalmente, segundo o Greenpeace. A entidade apurou que essa madeira, que é conhecida como "ouro verde", é retirada de reservas indígenas da Amazônia a R$ 80 o metro cúbico e vendida no exterior a valores que variam entre US$ 850 e US$ 1.100.

"A floresta Amazônica está sendo saqueada sem que os benefícios dessa destruição fiquem no Brasil. O que fica aqui é um imenso buraco na floresta e a desmoralização dos órgãos do governo, que não conseguem fiscalizar os recursos naturais", disse o coordenador do Greenpeace na Amazônia, Paulo Adario.

A denúncia do Greenpeace foi feita ao Ministério Público Federal e ao Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) por meio de um documento de 18 páginas intitulado "Parceiros no crime: a extração ilegal de mogno".

De acordo com o relatório, as cinco madeireiras que extraem mogno ilegalmente no sul do Pará são representadas por dois fazendeiros conhecidos no município de Redenção, no sul do Pará.

"Os madeireiros Osmar Alves Ferreira e Moisés Carvalho Pereira estão ligados a pelo menos cinco empresas exportadoras que, juntas, controlam cerca de 80% das exportações do Pará", ressalta o documento do Greenpeace.

A reportagem tentou falar com os madeireiros Moisés Pereira e Osmar Alves Ferreira no sul do Pará, mas eles não foram localizados.

A representante do Ibama no Pará, Selma Melgaço, reconheceu que o órgão não tem como fiscalizar a extração de madeira na Amazônia por conta de falta de pessoal.

Selma informou que está tentando convencer o governo federal a realizar um concurso público para o Ibama admitir 2,5 mil servidores e até agora não conseguiu.

Segundo a representante do Ibama no Pará, será feita uma auditoria na atividade de exploração do mogno no sul do Pará para apurar as denúncias feitas pelo Greenpeace. O procurador da República no Pará, Ubiratan Cazetta, também disse que vai checar as informações feitas pela organização.

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