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Grandes empresas promovem ações de mentoria na Amazônia

Valor Econômico, Especial/Empreendedorismo, p. F6
05 de Out de 2016

Grandes empresas promovem ações de mentoria na Amazônia

Jacilio Saraiva

Grandes empresas como Coca-Cola, Nestlé e Natura estão organizando programas de empreendedorismo na região amazônica. As ações incluem aulas em barcos no rio Amazonas, sessões de mentoria e apoio para a criação de negócios. Empresários ligados à venda de frutas na Ilha de Marajó (PA) e fabricantes de alimentos de Manaus (AM) estão entre os beneficiados.
"A Amazônia tem um longo caminho a percorrer para superar desafios em áreas como uso eficiente da água, agricultura sustentável e geração de renda", explica Priscila Martins, gerente de relações institucionais da Artemísia, organização sem fins lucrativos de fomento a negócios de impacto social, que trabalha nos projetos da Coca-Cola e Natura. "O objetivo das iniciativas é oferecer ferramentas que estimulem mais ações empreendedoras e melhorem a realidade da região."
A iniciativa The Boat Challenge, da Coca-Cola, apoia o desenvolvimento de negócios de impacto socioambiental. A marca de refrigerantes tem uma fábrica de concentrados na Zona Franca de Manaus e mantém outros projetos de estímulo a cadeias produtivas na região, como a do guaraná e açaí.
A ação da empresa mapeou 110 negócios na região Norte, com produtos desenvolvidos ou em fase de testes, em setores como água e sociobiodiversidade. Ao final, foram selecionadas 15 startups para uma bateria de aulas, durante três dias, a bordo de um navio que percorreu o rio Amazonas, entre Parintins (AM) e Manaus.
O programa também prevê o acompanhamento dos negócios que participaram da viagem, em períodos de até seis meses. "Durante a imersão a bordo, os empreendedores são desafiados a repensar seus modelos de negócios em aspectos como produtos, clientes e equipe."
Uma das participantes do trajeto, a empresária Suane de Andrade Viana, comanda a Coaraci, fabricante de alimentos típicos do Amazonas. Criada em fevereiro, a empresa tem seis funcionários e lança este ano uma linha de produtos que usam mandioca como ingrediente.
Suane diz que uma das maiores dificuldades para as companhias em crescimento diz respeito à captação de recursos. "Os investidores exigem contrapartidas que uma empresa com pouco tempo de mercado não consegue atender", afirma. "O grande desafio é fazer com que eles se interessem por um modelo menos escalável."
Este ano, a Nestlé, em parceria com o Centro Universitário do Pará (Cesupa), realizou uma pesquisa na Ilha de Marajó que selecionou 12 jovens empreendedores, de 16 a 35 anos de idade, para o programa Nutrindo os Sonhos dos Jovens na Amazônia. A Yunus Negócios Sociais, ligada ao Nobel da Paz Muhammad Yunus, é parceira da iniciativa. "Queremos fomentar o empreendedorismo e gerar renda na ilha", diz Barbara Sapunar, chefe da área de criação de valor compartilhado da Nestlé.
A ação inclui uma fase de incubação, com treinamentos, e uma etapa de implantação. A expectativa é chegar a três projetos viáveis e impulsioná-los em 2017. Segundo Bárbara, o grupo selecionado já reúne sugestões como a criação de hortas suspensas e um filtro de água feito com caroço de açaí.
Ana Paula dos Santos, dona de uma banca de frutas no município de Muaná, na Ilha de Marajó, e uma das escolhidas na ação, quer aprender como expandir o negócio, única opção para mais de 400 famílias do local. Com técnicas de administração, passou a utilizar as frutas também em polpas e sorvetes, diminuindo o desperdício.
Para comprar os produtos, a empresária viaja 12 horas de barco, até Belém (PA), duas vezes por semana.
"Para retornar, são necessárias mais 12 horas", diz Ana, que fatura até R$ 800 por semana.
A Natura encerrou em setembro as inscrições para o "Desafio Natura Amazônia: Negócios para Floresta em Pé". Junto com a Artemísia, vai selecionar 25 startups de impacto socioambiental. O plano é apoiar os empreendedores que também contribuem para a valorização da região, com viés sustentável. As aulas acontecem em Benevides, na Região Metropolitana de Belém.

Valor Econômico, 05/10/2016, Especial/Empreendedorismo, p. F6

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