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Grande parte da área queimada no Parque do Rola Moça (MG) pertence à Vale do Rio Doce

AMDA - www.amda.org.br
15 de Out de 2008

Desde segunda-feira (13), a zona de amortecimento do Parque Estadual do Rola Moça, em Minas Gerais, vem sendo devastada pelo fogo. De acordo com a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), a maior parte da área destruída pertence a mineradora Vale. O incêndio que entre Campos, Cerrado e Matas de Galeria, já queimou mais 100 hectares, na opinião da entidade, foi, provavelmente, ateado por pessoas que tradicionalmente criam gado de forma extensiva na região, para provocar rebrota do capim nativo que serve de alimentação aos animais.

Para a Amda, é preciso que a Vale invista mais na proteção da grande quantidade de terras que possui no quadriláterro ferrífero, em Minas. "Não podemos deixar de reconhecer que, pelo fato de pertencerem à empresa, muitas áreas importantes ambientalmente foram preservadas. Mas por outro lado, entendemos que a Vale deve adotar plano de gestão e proteção das mesmas, que inclua cercamento, vigilância, contato com comunidades vizinhas e outras medidas, aprimorando sua postura ambiental e contribuindo para preservação da biodivesidade e da água no Estado. Afinal, a empresa tira daqui, a maior parte de seus astronômicos lucros", disse a superintendente da entidade, Maria Dalce Ricas.

A Amda está também preocupada com o sistema de combate ao fogo da Semad/IEF. Segundo Dalce, não se pode deixar de reconhecer e louvar o grande progresso conseguido por Minas Gerais, que possui quatro aeronaves, envolvimento do Corpo de Bombeiros e da PMMG. Mas para ela, é preciso avançar mais, principalmente na prevenção, vigilância, rapidez na mobilização e envolvimento de brigadas voluntárias.

O incêndio ocorre no período de reprodução de aves e a entidade estima que centenas de ninhos foram queimados pelo fogo, representando danos incalculáveis à biodiversidade da região, que abriga, ainda, animais já raros como lobo guará, onça-parda, lontras, jaguatiricas e outras espécies de pequenos felinos. Outro grave dano são os impactos sobre os inúmeros cursos dágua e nascentes que abastecem o rio Paraopeba, afluente do São Francisco. "Exposto o terreno pela ação fogo, cinzas e outros detritos serão carregados morro abaixo pelas chuvas, poluindo suas águas e contribuindo para assoreamento de seus leitos", diz Dalce.

A superintendente executiva da Ong lembra, ainda, que a criação de gado é cem por cento insustentável na região. "O solo é paupérrimo, pedregoso e somente o fogo, forçando rebrota do capim, gera alimento para os animais. Em contra posição, os prejuízos ambientais causados ao solo, água, biodivesidade e à terra, pela emissão de gases de Efeito Estufa, resultante da queima da vegetação, e, finalmente, os custos para combate ao incêndio, representados pela mobilização das brigadas, gasto de combustível, demonstram isto", afirma.

No combate ao incêndio na Serra do Rola Moça, participam a brigada do Condomínio Retiro das Pedras, da Vale e da Vallourec Mannesmann Mineração, que explora minério de ferro na área, Brigadas Um e Encosta da Serra, compostas por voluntários.

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