OESP
Autor: Herton Escobar e Liana John
11 de Set de 2003
Áreas protegidas criadas no Amazonas e no Acre têm cerca de 5 milhões de hectares .
Dois Estados amazônicos anunciaram ontem, no 5.o Congresso Mundial de Parques, em Durban, na África do Sul, a criação de áreas de preservação ambiental. Seis delas, localizadas no Amazonas, abrangem mais de 3,8 milhões de hectares - o que, somado às unidades atuais, coloca mais de 40% da área do Estado sob alguma forma de proteção legal. No Estado do Acre foram criados um parque e três florestas estaduais, totalizando perto de 1,2 milhão de hectares protegidos.
As novas unidades de conservação no Amazonas são: Floresta Estadual Rio Urubu (45.000 hectares), Parque Estadual Cuieiras (55.800 ha), Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Cujubim (2.450.381 ha), Reserva Extrativista do Catuá-Ipixuna (216.874 ha), Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Piagaçu-Purus (1.008.167 ha) e Parque Estadual Samaúma (51 ha).
Fundo - Os projetos foram desenvolvidos em parceria com a organização Conservation International (CI). A entidade anunciou a criação de um fundo de "pelo menos" US$ 1 milhão para garantir a implementação de todas as unidades.
Os parques são áreas de proteção integral, enquanto as outras permitem a exploração sustentável dos recursos naturais, em parceria com as comunidades locais. A de maior destaque, ao menos em termos de extensão, é a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Cujubim. Apesar de a RDS ter quase 2,5 milhões de hectares, moram na região apenas 250 pessoas, que vivem da roça e da pesca, segundo o coordenador de Projetos para a Amazônia da CI, Enrico Bernard.
"É uma comunidade que vive totalmente isolada e não tem nenhum poder de preservação", disse. "Entra um madeireiro lá e eles não podem fazer nada."
Com o título de RDS, afirmou Bernard, será possível desenvolver projetos de exploração sustentável que beneficiem os moradores, ao mesmo tempo em que se garante a preservação ambiental.
A apresentação em Durban foi feita pelo secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Virgílio Viana. O governador Eduardo Braga não pôde viajar à África do Sul por estar com malária. O congresso, promovido pela União Mundial para a Natureza (IUCN), é considerado um dos maiores eventos de conservação ambiental do mundo. Cerca de 2.500 pessoas de 180 países participam do evento, que acaba no dia 17.
Estradas - O governador do Acre, Jorge Viana, anunciou a nova política de conservação do Estado para conter desmatamentos, sobretudo nas proximidades de rodovias. Com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e de acordo com o Programa Acre Sustentável, desenvolvido em parceria com a entidade ambientalista World Wildlife Foundation (WWF) Brasil, está sendo criado um mosaico de áreas de conservação.
A localização das unidades, ao longo das principais rodovias, visa a orientar a ocupação humana. No dia 5, Dia da Amazônia, o governador assinou os decretos de criação do Parque Estadual do Chandless, com 695 mil hectares, e três florestas estaduais de produção, totalizando 482 mil hectares.
"As novas florestas estaduais de produção permitem que o capital privado tenha acesso, de forma sustentável, aos produtos da floresta, ao mesmo tempo em que garantem à sociedade o acesso aos benefícios dessas áreas através da arrecadação com as concessões florestais", disse o secretário do Meio Ambiente, Luís Meneses. Ele qualificou o Parque Estadual do Chandless como "um dos últimos refúgios da vida silvestre no Acre e região prioritária para conservação".
(Herton Escobar e Liana John)-Estado de S. Paulo-São Paulo-SP-11/09/03)
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