VOLTAR

Governo tenta "convencer" índios de MT a deixar explorar potencial hídrico

24 Horas News - /www.24horasnews.com.br
Autor: Andreia Fanzeres
27 de Jul de 2008

Entre os dias 8 e 12 de julho, índios das etnias rikbaktsa, cinta-larga, arara, apiaká, kayabi, munduruku e enawene nawe foram à cidade de Juína (MT) para participar de reuniões promovidas pela Funai e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Na pauta, novos pedidos de autorização para que técnicos do setor elétrico terminem seus levantamentos dentro das terras indígenas, e mensagens deixadas no ar a respeito da possibilidade do Exército interceder, caso necessário. O objetivo é concluir o inventário das bacias dos rios Juruena e Aripuanã, primeiro passo para a realização de estudos de viabilidade econômica de novos empreendimentos hidrelétricos. Mapas preliminares indicam que alguns deles, se não dentro dessas áreas protegidas, estão perigosamente próximos de seus limites.

As bacias dos rios Juruena e Aripuanã reúnem as maiores extensões de áreas protegidas no estado de Mato Grosso. De acordo com dados levantados pelo Instituto Centro de Vida (ICV), existem 28 terras indígenas e 12 unidades de conservação, que asseguram sobrevida a aproximadamente 8.548.094 hectares de florestas e recursos hídricos em regiões intensamente pressionadas por desmatamento. Mas hoje, só na bacia do Juruena, há pelo menos 83 aproveitamentos hidrelétricos em fase de estudos, dos quais 30 (937MW) foram suspensos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no dia dois de julho.

De acordo com a EPE, a intenção é permitir que os estudos de inventários desta bacia e sua Avaliação Ambiental Integrada sejam concluídos, para que se possa fazer uma análise dos impactos ambientais cumulativos de todas as usinas. Mas só foram interrompidos os casos de empreendimentos ainda sem interessados em dar prosseguimento aos estudos ou que tenham apenas o pedido de registro na agência. A EPE realiza atualmente sete estudos de inventários hidrelétricos em bacias amazônicas - Juruena (AM/MT), Aripuanã (AM/RO/MT), Trombetas (PA), Sucunduri (AM), Jarí (PA/AP), Branco (RR) e Araguaia (MT/GO/TO/PA). Todos precisam ficar prontos até março de 2009.

Durante uma das apresentações dos representantes da Coordenação Geral de Patrimônio Indígena e Meio Ambiente da Funai (CGPIMA) aos enawene nawe, que ocorreu no dia 11 de julho, foram mostrados os mapas ilustrados com triângulos coloridos, que representam a localização dos aproveitamentos hidrelétricos antes e depois da suspensão, sem especificar os nomes dos rios ou demais detalhes de interesse dos índios. A eles só foi dito o número de usinas suspensas. Tantos projetos próximos às terras indígenas provocou surpresa generalizada. Ainda mais para os enawene, que já têm tido dores de cabeça suficientes ao brigarem contra complexo de dez usinas no alto rio Juruena (350MW), sendo a mais próxima a menos de 20 quilômetros da terra indígena. Depois disso, a própria Funai foi obrigada a admitir que soube desses mapas há também muito pouco tempo.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.