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Governo reconhece dois milhões de hectares de terras indígenas

Site do ISA -Socioambiental.org-São Paulo-SP
19 de Abr de 2001

Em cerimônia realizada no Memorial da América Latina, em São Paulo, o ministro da Justiça José Gregori assinou portarias demarcando cerca de 2 milhões de hectares de 14 áreas indígenas (12 na Amazônia Legal) em sete estados brasileiros.

Na presença de antropólogos, índios, do presidente da Funai Glenio Alvarez e de diversas ONGs, como o Instituto Socioambiental, a Comissão Pró-Índio, o Centro de Trabalho Indigenista entre outras, o ministro Gregori assinou documentos determinando a demarcação física de terras indígenas. O passo seguinte será a homologação da demarcação pelo presidente da República. As terras se localizam nos estados de Tocantins, Acre, Amazonas, Pará, Roraima, Ceará e Rio Grande do Sul (veja abaixo mais detalhes). O evento teve início com a apresentação de canto e dança de um grupo de índios Guarani da aldeia Krukutu, situada na zona sul de São Paulo. A fotógrafa Claudia Andujar, da CCPY (Comissão Pró-Yanomami), defensora incansável da demarcação das terras indígenas, lembrou a importância da cerimônia e alertou para os problemas que estão ocorrendo em Roraima, com a não-homologação da terra indígena Raposa-Serra do Sol.

O líder Yanomami, Davi Kopenawa veio de Roraima especialmente para participar do evento. "Vocês sabem das políticas de vocês que mexem conosco, que destróem e roubam", disse. Citou o senador Mozarildo Cavalcanti (PFL/RR) e criticou os deputados: "Eles disseram que o presidente errou ao demarcar nossas terras. Não errou não, não queremos que diminuam as nossas terras." Kopenawa não esqueceu de seus parentes Makuxi: "Eles estão lutando e sofrendo para demarcar a Raposa-Serra do Sol porque tem gente que não quer. Tem deputado que não quer, porque quer tirar madeira, ouro e pedras preciosas de lá". Ele ressaltou que a demarcação não foi feita às escondidas e que seu povo está cansado de brigar por causa da terra. Gregori, em seu discurso, enfatizou que este era um compromisso sério, para ser respeitado e fez questão de tranqüilizar Davi Kopenawa e seu povo Yanomami. "Enquanto existir o presidente Fernando Henrique ninguém vai mexer nessas terras. É uma opção que a nação Brasil fez, é a vontade da nação brasileira de respeitar as terras indígenas e seu uso, contra tudo e contra todos". ISA-SP - 19/04/2001

TERRAS DECLARADAS DE POSSE PERMANENTE INDÍGENA PELO
MINISTRO DA JUSTIÇA JOSÉ GREGORI
1) Terra Indigena DIAHUI, AM, 47.600 ha, Povo Mura, Amazonas

2) Terra Indígena SÃO SEBASTIÃO, 57.700 ha, Povos Kaixána e Kokama, Amazonas

3) Terra Indígena BADJONKORE, 222.000 ha, Povo Kaiapó, Pará

4) Terra Indígena CÓRREGO JOÃO PEREIRA, 3.140 ha, Povo Tremembé, Ceará

5) Terra Indígena WAIWAI, 405.000 ha, Povo Waiwai, Roraima

6) Terra Indígena PATAUÁ, 619ha, Povo Mura, Amazonas

7) Terra Indígena APIPICA, 650 ha, Povo Mura, Amazonas

8) Terra Indígena MURIRU, 5.520 ha, Povo Wapixana, Roraima

9) Terra Indígena INÃWEBOHONA, 376.545 ha, Povo Javaé, Karajá e Avá Canoeiro, Tocantins

10) Terra Indígena KUMARU DO LAGO UALÁ, 80.000 ha, Povo Kulina, Amazonas

11) Terra Indígena ZO'É, 624.000 ha, Povo Zo'é, Amazonas

12) Terra Indígena ALTO TARAUACÁ, 142.600 ha, Povos Isolados, Acre

13) Terra Indígena VARZINHA, 795 ha, Povo Guarani M' Byá, Rio Grande do Sul

14) Terra Indígena Moskow, 14.200 ha, Povo Wapixana, Roraima ha tudo e contra todos".

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