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Governo quer retomar a construção de Angra 3

FSP, Dinheiro, p. B4
16 de Nov de 2006

Governo quer retomar a construção de Angra 3
Pequenas centrais nucleares também podem ser incluídas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo está discutindo incluir entre as obras de infra-estrutura que terão prioridade no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a retomada da construção da usina nuclear de Angra 3, além de outras pequenas centrais nucleares, espalhadas principalmente pela região Nordeste.

A discussão foi retomada porque o governo considera que, com o aumento do preço do petróleo para cerca de US$ 60 o barril no mercado internacional, a energia nuclear, muito mais cara que a hidrelétrica, pode se tornar viável no país.
Além disso, há uma avaliação de que os problemas ambientais podem ser relativamente menores, já que não há necessidade de derrubada de florestas ou desapropriações de terras indígenas, como no caso das usinas hidrelétricas.

A construção de Angra 3 será o primeiro passo nessa direção. Os planos para iniciar as obras da usina estavam engavetados com base num estudo feito pelo Ministério de Minas e Energia em 2005. No documento, os técnicos do governo argumentavam que a energia produzida seria muito cara e recomendavam que a obra fosse adiada para 2010 ou 2012.

Com a mudança nos preços internacionais do petróleo, o governo acredita ser viável antecipar o início da construção. Os equipamentos para o funcionamento de Angra 3 já foram todos adquiridos. Entre a compra desse material e a sua manutenção, já foram consumidos US$ 800 milhões. Falta ainda investimento de US$ 1,8 bilhão para que a usina entre em funcionamento.

As usinas de menor porte no Nordeste serviriam também para dar sustentação a uma indústria nuclear no país, com demanda suficiente, por exemplo, para que o processamento do combustível dessas unidades (urânio) fosse feito inteiramente no Brasil.

Se o programa de ampliação das usinas nucleares for incluído no pacote de infra-estrutura que está sendo preparado, a participação desse tipo de energia no Brasil subirá dos atuais 2% para cerca de 6%.

O governo, apesar de estudar a construção de novas usinas, não pretende que essa seja a sua prioridade no setor energético. De acordo com os técnicos que participam das discussões, é essencial que as usinas de Belo Monte, no rio Xingu, e de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, saiam do papel. Juntas, elas vão adicionar 12 mil MW de energia ao sistema brasileiro. O cronograma com que o governo trabalha prevê a licitação das duas hidrelétricas no primeiro semestre de 2007.

O pacote de infra-estrutura que está em elaboração também prevê obras em portos, ferrovias e rodovias, além do setor elétrico.

FSP, 16/11/2006, Dinheiro, p. B4

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