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Governo quer esclarecer prisões feitas em Uiramutã

Folha de Boa Vista-RR
19 de Fev de 2002

Quando algum não-índio morador do Uiramutã vê um estrangeiro, pensa que ele está trabalhando para expulsá-lo de lá. Assim entende o governador Neudo Campos (PFL) sobre os episódios que culminaram com a prisão de um fotógrafo francês e de três jovens brasileiros que faziam trilha de Jeep nas proximidades de uma maloca.
"Vamos esclarecer os fatos e não há absolutamente nada contra qualquer comunidade indígena. Pode ter havido um desentendimento. Eu não sei nem que é este francês. Com relação aos brasileiros, para mim isso faz parte da política de criar o clima de confronto, arma que favorece aqueles que querem demarcar a área de forma contínua. Eles criam este clima exatamente para dizer que é impossível a convivência entre índios e não-índios. Como os índios não podem ser retirados, os não-índios terão que sair".
Para se resolver a questão das áreas indígenas, o governador acredita que só se for levada a discussão ao Congresso Nacional. "Nós temos constatado que no Governo Federal, a quem compete fazer a demarcação das reservas, tem entidades favoráveis à demarcação de forma contínua, e outras que não querem desta forma. Por conta desta luta a questão fica indefinida e esta indefinição é uma espada pendente sobre o desenvolvimento de Roraima", avaliou.
Neudo Campos destacou que no Congresso existem representantes de todos os segmentos da sociedade tornando o debate democrático. "Lá, poderia também ser questionado se um Estado pode ter para 7% de sua população 60% das suas terras. Ou por que todos os anos a Funai apresenta mais áreas para serem demarcadas, quando a população indígena não cresce na mesma proporção? No Congresso seria debatida a área contínua ou não e o problema, definido".
INCRA - Com relação aos 10 milhões 826 mil hectares cadastrados em nome do Estado e sobre os quais existe uma ação do Incra contra o ato, Neudo Campos informou que a defesa foi feita e espera-se o pronunciamento da Justiça.
"Enquanto isso, continuamos a manter contatos com o Incra para resolvermos outros assuntos, mas estamos otimistas quanto à possibilidade de vencermos a ação, porque ela é justa. Afinal, Roraima é o único Estado da Federação que não tem suas terras. Pela Constituição de 1988, tudo seria feito nos mesmos moldes de Rondônia. E por que Rondônia tem suas terras, e Roraima não?", questionou o governador.

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