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Governo quer 'caminho do meio' no consumo

O Globo, Economia, p. 29
27 de Abr de 2012

Governo quer 'caminho do meio' no consumo
Ministro afirma que o planeta não aguentaria se o excesso de consumismo dos ricos se tornasse o modelo vigente

Catarina Alencastro
catarina.alencastro@bsb.oglobo.com.br

O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse ontem que o mundo se acabaria, caso todos passassem a consumir bens e produtos da mesma forma que os ricos o fazem. Na quarta versão do seminário "Diálogos Sociais: Rumo à Rio+20", o ministro defendeu que se busque "o caminho do meio" na relação de consumo e assegurou que o Brasil está fazendo todos os esforços para que o evento seja um sucesso, do ponto de vista logístico e de conteúdo.
- Os muito ricos, tanto na sociedade brasileira, como no mundo todo, não praticam desenvolvimento sustentável, uma vez que o excesso de consumismo é inviável. O mundo se acabaria rapidamente se fosse universalizado o padrão de consumo das elites e, cá entre nós, o nosso, muitas vezes - disse Carvalho.
No mesmo evento, há um mês, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, mencionou que o padrão de consumo das sociedades será um dos principais temas da Rio+20. Na ocasião, disse que é insustentável que os habitantes do planeta adotem o mesmo padrão de um americano médio, que consome por dia cerca de 38 quilos de recursos naturais.
No debate de ontem, os palestrantes disseram que é preciso estimular ações não degradantes e taxar as que causam a destruição do meio ambiente. Entre eles, o senador Cristovam Buarque se mostrou pessimista quanto aos resultados da Rio+20. Ele sugeriu que meios de transporte públicos sejam isentos de impostos e os carros particulares, sobretaxados:
- Sou muito pessimista quanto aos resultados da Rio+20. Cada chefe de Estado quer dar uma solução ao seu problema e não ao do planeta. Seria suicídio o Obama vir aqui, três meses antes das eleições, dizer que o desenvolvimento causa degradação.
Brasil é acusado de adotar política "esquizofrênica"
Antes dele, Carvalho reconheceu que alguns chefes de Estado não estarão presentes à conferência por causa das eleições em seus países, mas destacou que já há confirmação de cem líderes mundiais e que a conferência será "muito representativa".
Na sessão de debates, participantes questionaram as opções do governo de investir em empreendimentos danosos ambientalmente, como o pré-sal. A analista do Banco Central Maria de Fátima Cavalcanti foi aplaudida ao classificar a política do governo brasileiro como "esquizofrênica".
- A política brasileira é bipolar, esquizofrênica. Se vou investir pesado no petróleo e no pré-sal e quero desenvolvimento sustentável, parece que tem uma incoerência aí nesse rumo - disse, deixando claro que não falava em nome do BC.

O Globo, 27/04/2012, Economia, p. 29

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