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Governo japonês decide intervir para conter crise em Fukushima

O Globo, Mundo, p. 38
08 de Ago de 2013

Governo japonês decide intervir para conter crise em Fukushima
Congelamento do subsolo surge como estratégia contra água contaminada

-TÓQUIO- O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, declarou ontem que seu governo vai interferir para tentar conter o vazamento de água contaminada no complexo nuclear de Fukushima, em mais um capítulo da tragédia ambiental iniciada há dois anos com um terremoto seguido de uma tsunami. No momento, o governo japonês trabalha com a possibilidade de congelar o subsolo da região como forma de impedir a passagem da água para o Oceano Pacífico. No entanto, não se sabe o quão viável é o procedimento.
- Este não é um assunto sobre o qual podemos deixar a Tepco (empresa que controla o complexo) ter total responsabilidade - disse Abe em reunião com o Gabinete.
O projeto do congelamento foi incumbido ao ministro da Indústria, Toshimitsu Motegi, e detalhes da iniciativa serão discutidos hoje. A Tepco foi estatizada em 2012 por US$ 13 bilhões, e a nova obra deve consumir pelo menos US$ 400 milhões dos cofres públicos japoneses.
OBRA SEM PRECEDENTES
A nova barreira seria formada pela injeção de líquidos de arrefecimento a -40"C no subsolo, logo abaixo dos reatores nucleares, por meio de uma rede de canos. A terra congelada serviria de barreira para as mil toneladas de água que correm diariamente de uma montanha próxima rumo ao complexo. Com isso, a água não chegaria ao solo contaminado. Para isso, seria necessário congelar o terreno num perímetro de 1,4 Km em torno dos reatores. Segundo a emissora japonesa NHK, a obra levaria entre um e dois anos para ficar pronta. Questiona-se, além do preço da empreitada, os custos e a efetividade de um congelamento dessa magnitude por um extenso período de tempo.
- Não há precedentes na criação de uma barreira deste tipo numa escala tão grande - disse o secretário-chefe do Gabinete japonês, Yoshihide Suga.
Das mil toneladas de água que chegam ao complexo todo dia, pelo menos 300 ficam contaminadas antes de chegar ao mar - só no mês passado a Tepco admitiu o vazamento, e o governo não descarta a possibilidade de que o problema estivesse ocorrendo desde o acidente nuclear de março de 2011. Outras 400 são bombeadas e armazenadas, e as 300 restantes chegam ao oceano sem contaminação.
Ao fim de um monitoramento de um ano iniciado em julho de 2012, pesquisadores da Universidade de Tóquio encontraram altos níveis de césio 137 no relevo oceânico, a 400Km de Fukushima. No dia 5, os níveis de radioatividade no entorno do reator 1 do complexo eram 47 vezes mais altos que cinco dias antes. Sem poder exercer a profissão, pescadores da região passam a considerar empregos nos trabalhos de descontaminação nuclear.
- Nunca vamos voltar ao que era, mas precisamos continuar exigindo que o governo e a Tepco assumam suas responsabilidades - protestou o pescador Yoshio Ichida ao jornal "Independent".

O Globo, 08/08/2013, Mundo, p. 38

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