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Governo envia reforço a Roraima

JB, País, p. A5
26 de Abr de 2005

Governo envia reforço a Roraima
Para conter resistências à homologação de reserva, Planalto desloca mais policiais federais para região e planeja recrutar o Exército

Hugo Marques

O governo federal já discute o envio do Exército para Roraima, onde cresce a resistência do poder público local e dos plantadores de arroz contra a homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol. A Polícia Federal vai enviar hoje mais 60 homens para Roraima, que vão se juntar aos 73 que já tinham sido deslocados no fim de semana.
O envio de efetivo do Exército seria uma forma de restaurar a ordem no estado. Os especialistas em segurança pública calculam em mil homens do Exército o efetivo suficiente para ajudar a restaurar a ordem. A avaliação interna do governo federal é de que Roraima hoje é uma situação ''altamente preocupante''. Quatro policiais são mantidos em cárcere privado, rodovias estão interditadas e o poder público local é contrário à homologação. Segundo as informações que chegam aos serviços de inteligência do governo federal, o prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero, antigo agricultor da região, está incentivando a luta armada, colocando parcela da população indígena contra os que querem a homologação.
No início do ano, a PF já havia tido problemas com o grupo de Quartiero e pediu a prisão preventiva do fazendeiro. A Justiça Federal negou o pedido. Na época, as malocas dos índios foram queimadas.
A crise começou a ficar grave quando o estado decretou luto de sete dias em função da demarcação da terra indígena. Ontem, o prefeito decretou ''estado de emergência'' no município. Ele justificou a medida em razão ''da ingerência das forças federais de ocupação'' nas comunidades.
O que torna a situação de Roraima mais grave é o ''componente político'', dizem especialistas em segurança pública. A partir do momento em que as forças de segurança pública estaduais são ''omissas'' quanto à baderna, em território de fronteira, a situação é de segurança nacional.
A orientação das equipes da PF na região é ''negociar à exaustão'' com os envolvidos no conflito. Mas dentro da PF são estudadas várias alternativas. Chegou-se a pensar em resgatar os policiai mantidos em cárcere privado. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, acompanha por telefone a crise na região.
A ação popular com pedido de liminar proposta pelo governador de Roraima, Ottomar Pinto, contra a homologação vai ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal. A Justiça Federal de Roraima declarou-se incompetente para decidir sobre o caso.
Ontem, em Brasília, representantes de 89 povos indígenas acamparam na Esplanada dos Ministérios como parte da Mobilização Nacional Indígena Terra Livre. Até sexta-feira, haverá encontros com representantes dos Três Poderes e discussões em grupos sobre a questão fundiária indígena, educação, saúde e políticas sociais específicas para os povos.

JB, 26/04/2005, País, p. A5

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