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Governo ensina Florestania na produção agrícola

Elson Matins
Autor: Elson Martins
18 de Ago de 2003

Cerca de 850 famílias residentes em seringais e outras comunidades da floresta estão vivendo uma curiosa experiência nos Centros de Florestania organizados pelo governo em 10 dos 22 municípios do Estado. Elas estão aprendendo conceitos e práticas de florestania e desenvolvimento sustentável, e ao mesmo tempo familiarizando-se com os mais modernos recursos da comunicação global como a Internet via satélite. Os centros possuem computadores bem configurados e também pequenos rádios com tecnologia adaptada, que funcionam com recurso interno de energia solar ou corda mecânica. Os rádios são potentes e capazes de sintonizar emissoras de diferentes freqüências (FM, ondas médias e curtas) a custo zero de energia.

Esses aparelhos, que representam novidade não apenas nos seringais, são produzidos na China e na África do Sul e chegam aos povos da floresta financiados pelo BNDES. Um total de 250 unidades serão distribuídas segundo critérios discutidos nos centros pelas comunidades. Recentemente, técnicos da instituição financiadora estiveram no Acre para ver de perto o programa e saíram entusiasmados, segundo informa o gerente de Produção Sérgio Roberto Lopes, da Secretaria de Extrativismo e Produção Familiar.

A Secretaria onde Sérgio Lopes trabalha fica nos altos das Lojas Utilar, na rua Getúlio Vargas e bem próxima do Palácio das Secretarias. Ali ele divide uma sala ampla com o gerente de Extrativismo Mário Jorge da Silva Fadell. Os dois coordenam mais de uma centena de técnicos para atender a cerca de 40 mil famílias de pequenos produtores, ribeirinhos e extrativistas. Sérgio adquiriu boa experiência nesse campo durante os anos que atuou como coordenador do Projeto Reca da Vila Califórnia, considerado modelo de produção agrícola sustentável.

Os centros ajudam atualmente, as famílias assentadas em 13 polos agro-florestais a se organizarem assumindo a total responsabilidade dos projetos sociais e econômicos. Os técnicos ajudam na organização e nas discussões que levam a decisões mais corretas, mas são as famílias que decidem tudo através das associações.

Farinha, bom exemplo

No primeiro mandato do Governo da Floresta (1998/2002) a ação que teve maior impulso no setor foi a produção de farinha de Cruzeiro do Sul. No município foram organizadas e construídas 120 modernas casas de farinha que ampliaram a produção e comercialização, bem como a qualidade do produto no mercado regional. Através da Casavaj (Cooperativa Agro-Extrativista do Vale do Juruá) e apoiados pela Agência de Negócios do Acre os próprios produtores escolheram a embalagem da farinha que ajudou muito.

A produção em 2002 atingiu cerca de 16 mil toneladas registrando um crescimento de 4 mil toneladas comparando com 1998; e foi toda consumida no mercado local e regional. Nos próximos três anos vão ser instaladas mais 171 casas de farinha no Juruá beneficiando também os municípios de Tarauacá e Feijó.

Sérgio Lopes explica que a mudança tem sido maior na organização e comercialização, mas isso tem exigido "uma logística de guerra" da parte do governo. Ele esclarece que cada nova fábrica de farinha enche quatro caminhões que precisam se arrastar por estradas intrafegáveis e até subir rios e igarapés em balsas. No vale todo existem cerca de mil antigos estabelecimentos do gênero precisando de tecnologia e de novos mercados.

Pólos geram esperança

O carro-chefe da nova agricultura acreana são os Sistemas Agroflorestais desenvolvidos em áreas já degradadas conhecidas por capoeiras. Nessas áreas são plantados açaí, banana, café, cupuaçu e pupunha, entre outros produtos que podem ser consorciados. Os produtores sempre fazem experiências com espécies novas, geralmente encontradas na floresta.

Os sistemas levam à verticalização da produção: estão previstas agroindústrias de polpa de frutas, de frutas passa (desidratadas) e de derivados da cana-de-açúcar. Três indústrias de polpa serão instaladas em Brasiléia, Senador Guiomard e Feijó. Neste último municipio, que ganha a fama de "terra do açaí", os esforços serão concentrados nesse produto. Em outros, a preferência escolhida pelas associações tem sido a polpa de cupuaçu.

Dentro dos SAFs trabalham um total de 11 tratores que abrem açudes para criação de peixes. A meta até 2006 é construir 2 mil açudes em todo o Estado

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